Por Carolina Requena
Em tempos de crise, sempre há que se usar a cabeça para encontrar alternativas. A organização do Oscar fez isso. Citando a recessão econômica pela boca de seu - eficiente e certeiro - apresentador, o ator Hugh Jackman (na foto, cantando e dançando com Anne Hathaway), a cerimônia se mostrou menos pomposa e, por isso, menos cafona e previsível.
E, como não é só de recessão que o Oscar padece, mas também de uma queda de audiência televisiva nos EUA, registrada ano a ano na última década, a cerimônia adaptou também sua linguagem, roteirizando a premiação com base na ordem do feitio de um filme. No geral, assistir ao Oscar na noite desse domingo foi uma experiência refrescante. Vejamos pontos altos e baixos. (E, neste link, os vencedores.)
- Tina Fey (30 Rock), a roteirista mais badalada do momento em Hollywood, apresentou, ao lado de Steve Martin, os prêmios de roteiro. Ela leu trechos de roteiros sobrepostos a cenas projetadas em um telão, pronunciando marcações como "pausa", "hesitação" e "olhar", o que tornou o momento bastante interessante. Foi o prenúncio de que estávamos diante de uma nova cerimônia. A contrapartida veio quando, já no fim, Reese Witherspoon explicou o que era um diretor de cinema "pra você que está aí em casa", dizendo que o cara era "o CEO, o presidente da empresa". Um pouco de subestimação da audiência.
- Os prêmios de atores (principais e coadjuvantes; femininos e masculinos) deram um salto surpreendente em interesse. Cinco vencedores de outras edições de cada prêmio vieram ao palco para proclamar, cada, um pequeno e contundente texto sobre cada um dos cinco concorrentes da categoria. Com a proximidade do novo palco (sem fosso), as situações se tornaram emocionantes e, mesmo quem não levou a estátua, teve a chance de ser citado por algum monstro da indústria. Anne Hathaway (concorrendo pelo papel em O Casamento de Rachel) ganhou a benção de Shirley McLaine, por exemplo.
Na foto, a vencedora por papel principal Kate Winslet sai acompanhada das campeãs de outras edições Nicole Kidman e Sophia Loren (Marion Cotillard, Halle Berry e Shirley McLaine estavam na cena)
- Hugh Jackman cantou e dançou, indicando que a presença de um ator foi pensada no sentido do sucesso desses números "físicos" (que também contribuíram para o clima de festa entre amigos). Ele, inclusive, deu um baile em Beyoncé, que fez um triste playback durante uma coreografia que celebrava o retorno dos musicais.
- O pop esteve no ar - filmes concorrentes foram misturados em vinhetas clipadas, duas ao som de Coldplay. E uma outra vinheta projetada em telão, estrelada por Seth Rogen e James Franco (do novo hit maconheiro Segurando as Pontas) mostrou até que ponto a Academia se permitiu afrouxar os cintos: no último quadro da paródia, Seth pergunta se Franco acredita que a estátua do Oscar poderia servir de bong.
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