Por Marcelo La Farina Cabrera
O documentário Titãs - A Vida Até Parece Uma Festa teve seção lotada nesta quarta-feira, em SP, onde compareceram Branco Mello, responsável por grande parte do material - e o diretor do filme, Oscar Rodrigues Alves.
Vale a pena ver o filme não só porque resgata imagens de 26 anos de carreira de uma das bandas nacionais mais influentes de todos os tempos, mas também porque revela as bases desse sucesso: o espírito jovem e inovador e a qualidade musical dos Titãs.
Depois da seção, Branco e Oscar detalharam bastidores ao público: a parceria começou quando outro titã, Tony Belloto, convidou Oscar para dirigir o clipe de "Epitáfio", em 2001; "Foi aí que percebi que o Oscar seria o cara certo para me ajudar a montar tudo", contou Branco. Vestindo camisa preta e óculos escuros, ele entrou na sala com um saquinho de pipoca em uma mão e uma latinha de cerveja na outra.
Fugindo da linearidade habitual do estilo documentário, o filme sobre a história da banda segue um padrão definido por Branco como "loucura e história". Não há narração nem entrevistas atuais que remetam ao passado: "Não escrevemos roteiro. Jogamos todas as imagens no computador e fomos montando, totalmente na contramão do que se está acostumado a fazer", resumiu Branco.
Em 1986, o cantor comprou uma câmera e resolveu capturar "imagens que as pessoas não conheciam, mas não com a intenção de fazer um documentário dessa forma. Sabia que um dia tudo viria à tona, mas não sabia como isso aconteceria".
As imagens apresentadas são quase todas de arquivo pessoal, inclusive as de programas de auditório como os extintos Programa do Bolinha e Barros Alencar, da TV Tupi, e o programa Silvio Santos, em 1987. "Nessa parte, a mãe do Nando [Reis] foi extremamente importante! Ela gravou muita coisa no VHS, ao contrário das próprias redes de TV, que com o tempo vão apagando as fitas", contou Branco, esclarecendo: "Nós adorávamos os programas de auditório. Assistíamos mesmo antes de ir tocar na TV. Graças a eles, o Titãs saiu do underground e pôde levar sua música, sem exageros, para o mundo".
A montagem do documentário durou seis anos e mais de duzentas horas de imagens foram compactadas em hora e meia de filme. Não foram deixados de fora momentos delicados da história da banda: a prisão de Tony Belloto e Arnaldo Antunes por porte de heroína, as saídas do mesmo Arnaldo e de Nando Reis, a doença cardíaca de Branco Mello e a morte de Marcelo Fromer. Cada momento tratado com sua devida dose de emoção. (Por Marcelo La Farina Cabrera)