Banda contrapõe cenas de violência policial e imagens de passeatas a favor de intervenções militares
Por Lucas Brêda
O Labirinto pega pesado no novo clipe da banda, para a faixa “Enoch”. Não só pelo teor agressivo das imagens exibidas no vídeo, mas também pela tese gerada do contraponto entre cenas de violência e abuso policial e imagens de passeatas a favor de intervenções militares.
“É um tremendo paradoxo”, opina o guitarrista, Erick Cruxen. “Mostramos pautas extremamente reacionárias enquanto a população sofre com violentas repressões. Muitas pessoas lutaram e padeceram para conquistar o direito à liberdade de expressão e ao voto no país, mas, agora, tudo está sendo jogado fora.”
De certa forma, o vídeo – lançado com exclusividade nesta quinta, 29, no Sobe o Som – verbaliza o que a canção, por ser inteira instrumental, expressa de maneira indireta. “Ela foi criada em um contexto de indignação pelo momento social e político que o Brasil atravessa”, conta o guitarrista. “Música, para nós, também é um ato político e não existe neutralidade quando a manutenção dos direitos civis está em jogo.”
Com direção da baterista do Labirinto, Muriel Curi, o clipe resgata cenas de repressão policial desde os anos 1960. As imagens foram coletadas de veículos midiáticos independentes e das redes sociais, com acréscimo de material antigo – parte vinda de vídeos públicos que estão na internet – e do arquivo pessoal dos integrantes.
“Enoch”, construída pelo característico post rock do Labirinto – que, nesta faixa, especialmente, aparece ainda mais intenso –, integra o disco Gehenna que a banda lançou este mês de setembro, pelo selo DissensoRecords. Com dez faixas inéditas, o trabalho tem produção do norte-americano Billy Anderson.
Conheço o clipe de “Enoch” abaixo