Autor britânico foi repreendido online após publicar artigo em que questionou falta de abordagem à escravidão do Caribe em filme da Disney
Uma semana após a estreia, A Pequena Sereiasegue como alvo de críticas. A mais recente veio por parte de um ativista britânico, que acusou a obra de não reconhecer os horrores da escravidão no Caribe.
Quem fez a declaração foi Marcus Ryder, presidente da Royal Academy of Dramatic Art e ativista pelos direitos humanos. Em seu blog, Ryder afirmou que o longa com Halle Bailey perdeu a oportunidade de educar as crianças acerca do tema da escravidão.
Segundo ele, o problema seria o recorte escolhido para a obra, que se passa aparentemente no século 18, quando o Caribe ainda sofria com o fluxo da escravisão do Atlântico. Nesse sentido, A Pequena Sereia erraria ao retratar uma sociedade livre das atrocidades causadas à época.
"Não acho que fazemos nenhum favor às nossas crianças ao fingir que a escravidão não existiu."
No artigo, traduzido como A Pequena Sereia da Disney, a Escravidão no Caribe e Falando a Verdade com Crianças, Ryder reconhece a importância da escolha de Halle Bailey para o papel da protagonista, bem como o fato de que uma obra de fantasia não precisa, necesariamente, seguir uma agenda histórica. Segundo ele, porém:
"Ambientar a história fantástica neste espaço e tempo é o equivalente literal a ambientar um romance entre um judeu e um gentil na Alemanha dos anos 1940, ignorando o Holocausto judeu."
O autor ainda acusa o filme de whitewashing, quando uma ótica de apagamento do racismo é aplicada sobre uma determinada obra (via Deadline).
Após compartilhar o artigo em suas redes sociais, Ryder acabou duramente criticado por seguidores e fãs do filme, apagando o tuíte em seguida, alegando ter sido "profundamente incompreendido". Ele ainda afirmou que gostou do filme, que assitiu junto a seu filho de seis anos de idade, e reforçou os elogios à representação racialmente inclusiva da sereia Ariel, interpretada por Bailey.
A cantora e atriz Halle Bailey falou sobre os ataques racistas que recebeu após ser confirmada como protagonista do live-action da Disney, A Pequena Sereia (1989). Na animação original, a filha do Rei Tritão (Javier Barden) é originalmente branca.
Halle Bailey, intérprete de Ariel, é a segunda protagonista negra de um filme do Walt Disney Pictures. Anika Noni Rose dublou a personagem Tiana em A Princesa e o Sapo (2009).
Bailey contou em entrevista à Variety como foi essencial o apoio da família após os comentários racistas questionando a decisão do diretor Rob Marshall (O Retorno de Mary Poppins) sobre o papel principal.
"Quero que a garotinha em mim e as garotinhas como eu que estão assistindo saibam que são especiais e que devem ser princesas em todos os sentidos. Não há nenhuma razão que eles não deveriam ser. Essa garantia era algo que eu precisava."