Como os gringos se identificaram tanto com Ainda Estou Aqui? Walter Salles responde
No Oscar 2025, pela primeira vez na história, um filme brasileiro recebeu a estatueta dourada de Melhor Filme Internacional
Felipe Grutter (@felipegrutter)
Publicado em 03/03/2025, às 12h52
Quando Ainda Estou Aqui estreou nos cinemas brasileiros, em 7 de novembro de 2024, a ideia do filme chegar ao Oscar 2025 era muito distante. Porém, além do destaque nas bilheterias nacionais, a produção cresceu bastante no exterior, com mais de R$ 100 milhões arrecadados pelo mundo. Agora, o diretor Walter Salles explicou o motivo dos gringos se identificarem tanto com o longa.
Em coletiva de imprensa após receber a estatueta de Melhor Filme Internacional, o cineasta foi questionado sobre o motivo de Ainda Estou Aqui ter quebrado barreiras e se relacionado bem com audiências estrangeiras.
"O filme é principalmente sobre perda e você reage e supera a perda. E como você luta contra a injustiça no final das contas. Esta mulher teve a possibilidade de se curvar ou de abraçar a vida, e abraçou a vida", afirmou (via The Hollywood Reporter). "Então, no final das contas, é um filme sobre isso, sobre a esperança que abraçar a vida permite que você tenha. E talvez seja esse o caminho para o filme".
"Outra forma de compreender isto é que a democracia está muito frágil em todo o mundo. Nunca pensei que seria tão frágil, mesmo neste país [Estados Unidos]", continuou. "Portanto, o que aconteceu no Brasil no passado parece muito próximo do nosso presente hoje. Tem sido extraordinário ver como essa mulher que mencionei, Eunice Paiva, articula uma forma de resistência baseada no afeto, na ideia de sorrir quando você deveria ser retratado como alguém que... que se dobrou, e ela se recusou a se curvar. E esse pode ser o caminho para isso".
Outra coisa que quero dizer é que esse filme foi visto por cinco milhões de brasileiros. E o público brasileiro, de alguma forma, tornou-se coautor do filme, porque o que aconteceu no Brasil foi, na verdade, notícia em diversos jornais do mundo, e eles perceberam que havia um filme quebrando a barreira do sistema político binário no Brasil e realmente oferecendo uma reflexão da nossa história.
Qual é a história de Ainda Estou Aqui?
Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, Ainda Estou Aquié ambientado no Rio de Janeiro, no início dos anos 1970, em meio à ditadura militar, e conta a história de Eunice (Fernanda Torres), mãe de cinco filhos, que se envolve em uma busca infindável pela verdade após o seu marido, Rubens (Selton Mello, O Auto da Compadecida 2), ser levado por policiais à paisana e desaparecer.
Além de Fernanda Torres e Selton Mello, o longa ainda conta com Fernanda Montenegro (A Vida Invisível), Maeve Jinkings (Pedágio), Antonio Saboia (Destino Particular), Humberto Carrão (Marighella), Marjorie Estiano (Sob Pressão), Camila Márdila (Que Horas Ela Volta?), Valentina Herszage (Mate-me Por Favor) e, entre outros, Charles Fricks (Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro). Assista ao trailer:
Especial de cinema da Rolling Stone Brasil
O cinema é tema do novo especial impresso da Rolling Stone Brasil. Em uma revista dedicada aos amantes da sétima arte, entrevistamos Francis Ford Coppola, que chega aos 85 anos em meio ao lançamento de seu novo filme, Megalópolis, empreitada ousada e milionária financiada por ele próprio.
Inabalável diante das reações controversas à novidade, que demorou cerca de 40 anos para sair do papel, o cineasta defende a ousadia de ser criativo da indústria do cinema e abre, em bom português, a influência do Brasil em seu novo filme: “Alegria”.
O especial ainda traz conversas com Walter Salles, Fernanda Torres e Selton Mello sobre Ainda Estou Aqui, um bate-papo sobre trilhas sonoras com o maestro João Carlos Martins, uma lista exclusiva com os 100 melhores filmes da história (50 nacionais, 50 internacionais), outra lista com as 101 maiores trilhas da história do cinema, um esquenta para o Oscar 2025 e o radar de lançamentos de Globoplay, Globo Filmes, O2 Play e O2 Filmes para os próximos meses.
O especial de cinema da Rolling Stone Brasil já está nas bancas de jornal, mas também pode ser comprado na loja da editora Perfil por R$ 29,90. Confira:
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