CRÍTICA

Elio acerta ao tratar pertencimento em meio a um amontoado de referências

Elio, novo filme da Pixar, chega aos cinemas com uma história visualmente linda e um sobre extraterrestres que se torna cada vez mais subversivo

Giulia Cardoso (@agiuliacardoso)

Elio acerta ao tratar pertencimento em meio a um amontoado de referências
Elio acerta ao tratar pertencimento em meio a um amontoado de referências - Divulgação

Como seria ser abduzido por extraterrestres? Em produções como American Horror Story (2011) vemos que a temática “Abdução” está imersa em um medo do desconhecido e suas atitudes diante dos humanos (as tais coletas de amostras). Mas, assim como Disney fez em 2005 com Galinho Chicken Little, Elio traz esse tema de uma maneira subversiva e lotada de referências.

O jovem Elio Solis (Yonas Kibreab, Sweet Tooth), que dá nome ao filme, perdeu os pais muito cedo e agora vive com a tia Olga Solis (Zoë Saldaña, Avatar). Um dia, durante uma visita a um museu de astronomia, ele se perde dela e acaba criando um novo objetivo de vida: ser abduzido. O mais engraçado? Depois de várias tentativas, ele realmente consegue.

Ambientação Visual 

Começo esse texto falando que Elio me lembra Barbie, mais especificamente a Barbie Fairytopia (tanto o da fada quanto o da sereia), o motivo? Em ambos os filmes, quando nos conectamos ao diferente, temos um deleite de criatividade, design criativo e um passeio deslumbrante pelo ecossistema, criando um mundo singular e maravilhoso que, dentro dos recursos de sua época, fazem os olhos brilharem ao caminhar por ele. 

Por outro lado, o uso de 3D traz ao espectador a imersão necessária para querer fazer parte do espaço junto do protagonista e potencializa as cores predominantes da história, enquanto. O estilo de animação atual da Pixar continua impressionando ao valorizar os detalhes, tornando seus projetos cada vez mais reais.

Elio é um garoto diferente dos outros

Você já pensou em ser abduzido? Eu, sinceramente, não. Mas o Elio pensou (e muito!) E é isso que deixa tudo mais divertido. Diferente do que a gente costuma ver por aí, onde abduções são sinônimo de pavor, aqui o tema ganha uma leveza encantadora. Elio encara a situação com otimismo, curiosidade e humor, o que subverte a ideia original e torna tudo mais acessível para o público mais jovem.

Para quem gosta de tudo que envolve o espaço, o filme é um prato cheio. Além disso, tem até um toque interessante sobre masculinidade, mas de um jeito sutil, o que é mais gostoso de acompanhar do que aquelas histórias que esfregam o tema na sua cara.

A perspectiva da trama é totalmente a do Elio, que é super fissurado por esse universo e, por isso, a gente acaba sabendo pouco do mundo adulto ao redor dele. Tipo: onde será que a tia dele trabalha exatamente? Não importa muito, o foco está no olhar curioso e apaixonado da criança.

Tudo que Soul Poderia ter sido

Pode parecer uma comparação meio inesperada, mas assistir Elio dá a sensação de estar vendo a Pixar na sua essência. Não só pelos temas que aborda (pertencimento, solidão, identidade) mas também pelo cuidado em construir momentos mais ousados, como cenas de thriller dirigidas com primor. É um filme que surpreende que foi pensado nos detalhes.

A grande diferença entre Soul (2020) e Elio talvez esteja no lançamento. Soul chegou direto no streaming, no meio da pandemia, enquanto Elio ganha as telas de cinema, o que permite aquela experiência coletiva, mais emocional, que só uma sala cheia consegue proporcionar.

Além disso, Elio tem essa pegada meio thriller, que funciona muito bem. A cena em que ele descobre o clone (e quando o clone derrete) são momentos dirigidos de um jeito impecável, quase inesperado para uma animação infantil.

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Jornalista em formação pela Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, Giulia Cardoso começou em 2020 como voluntária em portais de cinema. Já foi estagiária na Perifacon e agora trabalha no núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo.
TAGS: animação, Disney, elio, pixar, Soul