Em ‘A Hora do Mal’, o medo se materializa de maneiras inesperadas e perturbadoras
Após o elogiado Noites Brutais, Zach Cregger reforça a sua identidade e jeito de fazer terror com narrativa bem amarrada
Giulia Cardoso (@agiuliacardoso)
Conhecido por Noites Brutais, o cineasta Zach Cregger está de volta com A Hora do Mal, que chega aos cinemas brasileiros com 100% de aprovação da crítica internacional. Na novidade, 17 crianças deixam as suas casas exatamente às 2h17 da madrugada de uma quarta-feira aparentemente comum e e desaparecem misteriosamente, deixando a comunidade local cheia de perguntas.
Para a professora Justine Gandy (Julia Garner, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos), a situação é ainda pior: todas as crianças faziam parte de sua turma na escola, então todos os olhos se voltam contra ela, que é acusada de estar envolvida no desaparecimento. A partir daí, o que se segue são duas horas de um terror perfeito.
Mesmo que não seja adepta da palavra “perfeito” ao classificar um filme — já que isso sugere uma execução impecável em todos os aspectos e, honestamente, isso raramente acontece —, é preciso reconhecer que Zach Cregger chega muito perto dessa perfeição.
Dividido em capítulos, que mostram os pontos de vista de diferentes personagens, o cineasta, responsável também pelo roteiro da novidade, desvenda o mistério com parcimônia. Com idas e vindas na narrativa, ele explorar thriller psicológico e o terror sobrenatural, que conversam na tela sem danificar o produto final.
Creeger ainda mistura medos profundamente reais — o escuro, a rejeição, o desconhecido — com o terror e o drama, tirando a trama do óbvio. Não é tão claro quando e como alguns sustos vão acontecer, e mesmo os fãs de terror mais treinados devem ter dificuldade, o que torna os momentos de tensão impresíveis e satisfatórios, e fazem o coração acelerar.
A Hora do Mal é uma história à la Stephen King, um dos grandes mestres do terror. Em muitos momentos do filme, a experiência à de It: A Coisa, até por suas similaridades: uma cidade aparentemente tranquila, mas afundada em segredos. Porém, ao contrário das histórias de King, não espere um final decepcionante: beirando a galhofa, o final é tão assustador quanto engraçado, e contempla uma das experiências cinematográficas mais interessantes do ano.
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