PELÍCULA NON GRATA

Entenda a insatisfação dos mexicanos com Emilia Perez

Os fãs do cinema mexicano criticaram o musical por ser 'cheio de estereótipos', enquanto a GLAAD o chamou de 'um passo atrás' na a representação transgênero

Pedro Figueiredo (@fedropigueiredo)

Publicado em 07/01/2025, às 18h24
Divulgação/Paris Filmes
Divulgação/Paris Filmes

Emilia Perez (2024) foi o grande filme da última edição do Globo de Ouro, faturando prêmios em quatro categorias, incluindo um dos maiores da noite: Melhor Filme, Musical ou Comédia. O público, no entanto, tem usado as redes sociais para tecer críticas negativas ao longa-metragem, alegando que o filme é um retrato inautêntico da cultura mexicana e o da experiência trans.

“Quando os mexicanos dizem que um filme… está retratando um México cheio de estereótipos, ignorância, falta de respeito e está lucrando com uma das mais sérias crises humanitárias do mundo”, escreveu o ator mexicano Mauricio Morales em uma declaração X. “Talvez… só talvez, acredite nos mexicanos.”

Outro internauta mirou as críticas na premiação e chamou o Globo de Ouro de "piada." Segundo o perfil, o fato do filme ganhar tantos prêmios é "é uma bagunça racista e xenófoba com uma representação mexicana horrível, feita por um diretor francês que nem se preocupou em pesquisar nossa cultura."

Jacques Audiard, diretor do longa-metragem, tem sido alvos de críticas por não falar espanhol, não ter gravado no México e nem ter atrizes mexicanas nos três papéis principais. “Vi muitas atrizes no México, conheci atrizes trans, mas simplesmente não estava funcionando,” disse o diretor ao The Hollywood Reporter.“E então não me lembro exatamente como aconteceu, mas em um período muito curto de tempo, conheci Karla Sofía Gascón… E então conheci Zoe [Saldaña] no Zoom, e algo apareceu muito claramente para mim.”

Entre os principais personagens da trama há somente uma atriz mexicana, Adriana Paz. Karla é espanhola, Édgar Ramirez é da Venezuela e Zoe é estadunidense, bem como Selena Gomez., apesar de ambas terem ascendência latina.

Outra crítica ao filme foi feita por parte da organização não-governamental Gay & Lesbian Alliance Against Defamation (GLAAD), que classificou Emilia Perez como "um passo atrás para a representação trans” pela utilização da identidade transgênero da protagonista como um arco de redenção. A organização disse ainda que o longa-metragem é um “retrato profundamente retrógrado de uma mulher trans.”

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