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Cinema / HOMENAGEM

Hector Babenco é homenageado na 48ª Mostra de Cinema de São Paulo

Brincando nos Campos do Senhor, de 1990, faz parte da programação especial da Mostra, em première de sua versão remasterizada

Angelo Cordeiro (@angelocinefilo)
por Angelo Cordeiro (@angelocinefilo)
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Publicado em 16/10/2024, às 13h15 - Atualizado às 14h00

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Hector Babenco é homenageado na 48ª Mostra de Cinema de São Paulo - Divulgação/Universal Studios
Hector Babenco é homenageado na 48ª Mostra de Cinema de São Paulo - Divulgação/Universal Studios

Parte do projeto de restauro “Memória Hector Babenco”, concebido pela HB Filmes, de Myra Babenco, Brincando nos Campos do Senhor, o primeiro e único filme para o qual Hector Babenco foi convidado a dirigir, será exibido na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em première de sua versão restaurada, que utilizou o negativo original de imagem preservado pela Academy of Motion Picture Arts and Sciences e escaneado pela Prasad Corp.

A maior produção norte-americana no Brasil, totalmente rodada na Amazônia, com cenas aéreas na maior cachoeira na fronteira do Brasil com a Venezuela, reafirma o pioneirismo do visionário diretor Hector Babenco através de seu olhar sobre os temas da floresta e as diferenças de religiões.

Em entrevista à época do lançamento do filme, em 1991, Babenco falou sobre o processo de filmagem, desde o primeiro contato com o produtor Saul Zaentz, o convite, a preparação do roteiro, seleção e preparação de elenco e as filmagens.

Eu estava em casa e recebi um telefonema dos Estados Unidos, um senhor chamado Saul, que eu não sabia quem era, me dizendo que viria ao Brasil e que queria me convidar para almoçar”, contou Babenco. Era Saul Zaentz, lendário produtor de filmes como Estranho no Ninho, filme que recebeu cinco Oscars, e de Amadeus, entre tantos outros, que entregou ao diretor o livro Brincando nos Campos do Senhor, do romancista norte-americano Peter Matthiessen.

Um catatau de 500 páginas” que há mais de 40 anos Saul queira produzir, no qual um grupo de missionários pretendia levar aos povos originários sul-americanos o credo deles para tentar domesticá-los e assim poder avançar levando a Palavra de Deus aos territórios indígenas.

À época trabalhando na adaptação de Corto Maltese, Babenco estava na Europa para encontrar Hugo Pratt, o criador da história em quadrinhos, e, em um jantar com vários cineastas, como Coppola e Alain Resnais, alguém pergunta a Saul qual seu próximo filme. Brincando nos Campos do Senhor, diz ele.

“E quando perguntaram a ele quem ia ser o diretor, ele disse Hector Babenco. Foi assim que eu fiquei sabendo que eu tinha sido escolhido para ser o diretor.”

A única exigência de Babenco era colocar os indígenas na verdadeira posição de oprimidos, que, para o diretor, eram como os meninos do Pixote, “não me interessava em nenhum momento dar relevância à atitude cruel e assassina de alguma forma por estarem pisoteando uma cultura milenar com tanta arrogância, trazendo informações a respeito de credos e hábitos culturais que deformaram totalmente a forma de viver do nativo brasileiro.

Após um período de três semanas lendo o livro com Saul, já de volta ao Brasil, Babenco começou a trabalhar no roteiro com Jean-Claude Carrière, “que era simplesmente o homem que escreveu os últimos cinco ou seis filmes do Luis Buñuel.

O filme começa com um avião sobrevoando a grande Mata Amazônica que é obrigado a parar por um problema mecânico. Ao aterrissar, são obrigados a ficar porque não têm documentos de voo e obviamente estão transportando algo que é ilegal.

Os personagens foram encarnados por Tom Berenguer e Tom Waits e, do grupo de missionários, dois casais, interpretados por John Lithgow e Daryl Hanna e Aidan Quinn, casado com a Kathy Bates.

Eu consegui convencê-los a fazer o filme com uma equipe técnica brasileira. O fotógrafo foi Lauro Escorel e os atores brasileiros Zé Dumont, Nelson Xavier e Stênio Garcia. E, obviamente, os indígenas não podiam deixar de ser brasileiros, de várias etnias, que conviveram e formaram uma grande família.

A preparação de elenco ficou sob a responsabilidade de Fatima Toledo. Mais de 200 pessoas, crianças, jovens, idosos, que falavam diferentes línguas, mas, de alguma forma, todo mundo se entendia. “E criei uma aldeia com uma identidade própria, alimentada com as tradições, com as histórias que eles contavam.

Foram 164 dias de filmagens na Amazônia, com uma logística complicada devido às gigantescas distâncias. “Eu fiquei dois anos e meio fazendo esse filme, ilhado na Amazônia brasileira. Desde o início, da procura de locações, de meu trabalho junto aos indígenas, a todas as aldeias que eu visitei, que pernoitei. As amizades que eu fiz, as horas e horas e horas e horas e horas de voo, enfim, histórias como estas aos montes”, contou Babenco, que disse ter lembranças muito difíceis, mas que fazem parte de sua história.

Sinopse: Nos anos 60, um casal de missionários e seu filho pequeno embrenham-se na selva amazônica brasileira para catequisar os indígenas ainda arredios à noção de Deus. Martin Quarrier (Aidan Quinn) é sociólogo e termina sendo motivado pelas experiências de outro casal, os Huben. As intenções religiosas e a harmonia entre brancos e os povos originários no local ficam instáveis devido à presença de Lewis Moon (Tom Berenger), um mercenário descendente dos indígenas americanos.

SERVIÇO:

48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Brincando nos Campos do Senhor

Direção: Hector Babenco

Brasil, EUA | 1991 | Ficção | Cor | 188 min.

19/10, sábado, às 20h50

Cinemateca Brasileira – Sala Grande Otelo

End.: Largo Sen. Raul Cardoso, 207 - Vila Clementino

Classificação Indicativa: 16 anos

Ingressos: R$ 30,00 + Serviço: R$ 3,60 | R$ 15,00 + Serviço: R$ 1,80 (meia)

Pela internet, acesse o site da Velox Tickets.


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