Produtora de longa data da saga também crê que narrativa da franquia precisa representar todas as pessoas
Publicado em 02/08/2024, às 10h47
Filmes e séries populares têm sido alvo de reações mistas quando tentam abordar a diversidade em seus roteiros. Este tem sido o caso de Star Wars: a saga criada por George Lucas viu até mesmo seus atores e atrizes se tornarem vítimas de manifestações tóxicas nas redes sociais, indo muito além de opiniões sobre o trabalho.
Dois exemplos que valem ser mencionados são os de Daisy Ridley, intérprete da protagonista Rey na recente trilogia de filmes da franquia, e a colega Kelly Marie Tran, responsável por viver Rose Tico em Star Wars: Os Últimos Jedi (2017) e Star Wars: A Ascensão Skywalker (2019). As atrizes receberam ataques diversos na internet e chegaram a apagar suas contas online.
Leslye Headland passou por situação semelhante. A criadora e produtora da série The Acolyte se tornou a primeira mulher a tirar do papel um novo trabalho para Star Wars — e foi alvo de algumas reações negativas que priorizavam justamente seu gênero.
Ciente do que estava prestes a acontecer, Headland tomou uma decisão: limitou sua exposição na internet e passou a ser informada por amigos a respeito dos comentários feitos sobre ela na internet, independentemente se eram coisas boas ou ruins. Ainda assim, a produtora deixou claro não considerar um fã de Star Wars quem engaja nesse tipo de comportamento (via Movieweb).
Como fã, sei o quão frustrante foram algumas narrativas de Star Wars no passado. Eu mesma senti isso. Tenho minha empatia pelos fãs de Star Wars. Mas vou deixar claro: qualquer um que engaja em intolerância, racismo ou discurso de ódio, eu não considero um fã.”
Kathleen Kennedy, presidente da Lucasfilm e produtora da saga, tem uma explicação para essa onda de ódio. Em recente entrevista ao jornal The New York Times, a profissional afirmou considerar a diversidade importante para a narrativa da franquia e que abusos acontecem pelo simples fato de o fandom de Star Wars ser dominado pelo público masculino.
Minha crença é de que a narrativa precisa representar todas as pessoas. Essa é uma decisão fácil para mim. Operar essas franquias gigantes agora, com as redes sociais e o nível de expectativa, é assustador. Acho que Leslye lutou um pouco contra isso. Acho que muitas mulheres que pisam em ‘Star Wars’ lutam ainda mais contra isso. Porque a base de fãs é dominada por homens, algumas vezes, elas são atacadas de maneiras que podem ser bem pessoais.”
Recentemente, outra cineasta foi escolhida para comandar um novo projeto de Star Wars: Sharmeen Obaid-Chinoy. Ela será a diretora do próximo grande filme da saga. Daisy Ridley, por sua vez, ao papel da protagonista Rey.
Conhecida por seu envolvimento com trabalhos focados na desigualdade de gênero, Obaid-Chinoy também se tornou alvo do fandom de Star Wars justamente por seus trabalhos e algumas declarações feitas no passado. Por enquanto, todavia, ela foca no trabalho e prometeu, em conversa com a CNN (via Fox News) um filme especial.
Estou muito empolgada com o projeto pois acredito que o que estamos prestes a criar é algo muito especial. Estamos em 2024 agora e acho que está na hora de termos uma mulher para moldar a história de uma galáxia muito, muito distante.”
Entre os próximos filmes de Star Wars, o único com previsão de estreia é The Mandalorian & Grogu, que chega ao público americano no dia 22 de maio de 2026. A direção fica a cargo de Jon Favreau.
Colaborou: Augusto Ikeda.
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.