ADMIRAÇÃO

O diretor que Tarantino define como “o Bob Dylan dos filmes”

Americano batizou sua produtora em homenagem a um dos filmes do revolucionário cineasta — que não era recíproco em seu sentimento

Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 06/02/2025, às 08h00
Quentin Tarantino e Bob Dylan (Foto: Taylor Hill/FilmMagic e Michael Kovac/WireImage)
Quentin Tarantino e Bob Dylan (Foto: Taylor Hill/FilmMagic e Michael Kovac/WireImage)

Poucos cineastas conhecem tanto sobre a história de sua profissão quanto Quentin Tarantino. Com tal bagagem, o americano sempre colocou suas influências em evidência nos seus filmes.

Todavia, um diretor teve um impacto particularmente importante em seu trabalho. Chega ao ponto de o ídolo ser comparado a Bob Dylan.

Em uma entrevista de 1993 à Filmmaker Magazine (via Far Out Magazine), Tarantino citou Jean-Luc Godard como uma figura importante ao moldar sua visão sobre filmes. Sobre o francês, ele afirmou:

Godard me ensinou invenção. Pra mim, no começo da carreira, Godard era como o Bob Dylan do cinema. Havia um senso de criação e brincadeira. Ele transmitia a ideia de que se você ama filmes o suficiente, você é capaz de fazer um de qualidade.”

A admiração de Tarantino por Godard ia além de seu trabalho na tela. O americano chegou a batizar sua produtora de A Band Apart, uma referência ao filme Banda à Parte (1964), dirigido pelo francês.

O longa em questão é considerado um marco da Nouvelle vague. Chefiado por nomes saídos da revista Cahiers du Cinema, o movimento cinematográfico foi responsável por apresentar uma visão transgressora no final dos anos 1950.

Jean-Luc Godard (Foto: Stephane Cardinale/Sygma via Getty Images)

Jean-Luc Godard era crítico a Quentin Tarantino

Com o passar dos anos, a admiração do diretor de Pulp Fiction e Django Livre pelo francês começou a esfriar. Talvez tenha a ver o fato que Jean-Luc Godard o tenha criticado publicamente várias vezes. Durante entrevista de 2004 à revista Época, o cineasta falecido em 2022 falou o seguinte sobre Quentin Tarantino:

Acho o trabalho dele nulo. Ele escolheu o título de um dos meus piores filmes para dar nome a sua produtora. Isso não me surpreende em nada.”

A atriz Molly Ringwald revelou em artigo de 2021 para o New Yorker que Godard – com quem ela havia trabalhado em Rei Lear (1987) – lhe revelou em 1995 durante um almoço seu desgosto por Pulp Fiction. Segundo a atriz, o cineasta se referiu ao filme vencedor da Palma de Ouro em 1994 como "inautêntico”.

Em 2014, Godard pareceu corroborar o relato em uma entrevista à Radio France (via Far Out Magazine) durante o festival de Cannes daquele ano. Quando a conversa chegou a Tarantino em um certo momento, o diretor apenas se referiu ao americano como “faquin”, uma gíria francesa para uma pessoa desonesta.

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Colaborou: Pedro Hollanda.