LISTA

Os filmes de terror favoritos da redação da Rolling Stone Brasil

A lista elaborada pelos jornalistas da Rolling Stone Brasil conta com produções de diferentes épocas e subgêneros do horror

Aline Carlin Cordaro (@linecarlin)

Publicado em 16/02/2025, às 18h00
Imagem/Divulgação
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O terror sempre ocupou um lugar especial na história do cinema. Dos primeiros experimentos com sombras e silhuetas no expressionismo alemão até os grandes sucessos modernos, o gênero evoluiu ao se reinventar e desafiar as expectativas do público. O medo, afinal, é um dos sentimentos mais universais e os filmes de terror exploram essa emoção de formas variadas — seja com monstros sobrenaturais, psicopatas mascarados ou horrores mais sutis, que se insinuam na realidade cotidiana.

Ao longo das décadas, o gênero construiu uma base de fãs fiel e um mercado cada vez mais lucrativo. O crescimento do streaming ampliou ainda mais o alcance do terror, permitindo que títulos independentes ganhem espaço ao lado de franquias milionárias. Filmes como O Exorcista (1973), Halloween (1978) e O Iluminado (1980) marcaram gerações e ajudaram a moldar a linguagem do gênero. Nos últimos anos, diretores como Ari Aster, Jordan Peele e Robert Eggers trouxeram novas perspectivas ao terror, misturando horror psicológico, crítica social e estéticas inovadoras.

Com tantos estilos e abordagens, escolher um filme favorito não é tarefa fácil. Cada espectador se conecta de maneira diferente com o medo, seja pelo impacto visual, pela construção do suspense ou pelo subtexto narrativo. Pensando nisso, a equipe da Rolling Stone Brasil reuniu seus títulos de terror favoritos, formando uma lista diversa, que passeia por diferentes épocas e subgêneros.

A seguir, veja os filmes escolhidos por nossos jornalistas:


Os Outros (2001) – Escolha de Aline Carlin Cordaro

Escolher um único filme de terror favorito não é tarefa fácil—especialmente quando se trata de escrever sobre a própria escolha. Para quem é indeciso, a lista de favoritos cresce rápido, e alguns títulos merecem menção honrosa: A Substância, Casamento Sangrento, Pânico, Halloween,A Chave Mestra, Premonição, Psicose, Carrie, A Estranha e tantos outros clássicos e contemporâneos que marcam o gênero.

Entre tantas opções, Os Outros (2001), dirigido por Alejandro Amenábar, destaca-se pelo clima sombrio e pela narrativa psicológica envolvente. O filme acompanha Grace Stewart (Nicole Kidman), uma mãe superprotetora que vive com seus filhos em uma mansão isolada logo após a Segunda Guerra Mundial. A trama se desenrola em meio a fenômenos misteriosos, explorando a relação entre realidade e ilusão, com um desfecho que se tornou um dos mais impactantes do terror moderno (que plot twist, ein!?).

Misturando elementos do horror gótico com suspense psicológico, Os Outros foi um grande sucesso de crítica e bilheteria, arrecadando mais de US$ 200 milhões mundialmente. O filme recebeu diversos prêmios, incluindo o Goya de Melhor Filme—um feito raro para uma produção de terror. A atuação de Nicole Kidman e a direção atmosférica de Amenábar consolidaram a obra como um dos grandes títulos do gênero nos anos 2000.


Premonição 3 (2006) e Nós (2019) – Escolhas de Felipe Grutter

Duas abordagens distintas do terror, um mesmo fascínio pelo inesperado. Felipe Grutter escolheu dois filmes que exploram o medo sob diferentes perspectivas: o destino inevitável e o horror da identidade fragmentada.

Lançado em 2006, Premonição 3 é dirigido por James Wong e segue a fórmula estabelecida pela franquia, na qual um grupo de jovens escapa de um acidente fatal graças a uma premonição—mas logo descobre que a Morte tem seus próprios planos. Protagonizado por Mary Elizabeth Winstead, o filme marcou uma geração com suas mortes elaboradas e sequências impactantes, incluindo a icônica cena do parque de diversões. O longa reforçou o sucesso da série, tornando-se um dos capítulos mais populares da franquia.

Nós (2019), de Jordan Peele, aposta em um terror psicológico e social. Estrelado por Lupita Nyong’o, Winston Duke e Elisabeth Moss, o filme acompanha uma família que se depara com versões idênticas e perturbadoras de si mesma. O roteiro traz metáforas sobre desigualdade, identidade e traumas coletivos, transformando uma invasão domiciliar em uma experiência aterrorizante e carregada de simbolismo. Com mais de US$ 250 milhões arrecadados mundialmente, Nós consolidou Peele como um dos grandes nomes do terror contemporâneo.


O Bebê de Rosemary (1968) e Suspiria (1977 e 2018) – Escolhas de Heloísa Lisboa

O terror pode assumir formas diversas, mas algumas obras transcendem o tempo e se tornam referências definitivas do gênero. Heloísa Lisboa escolheu três filmes icônicos, cada um com sua própria abordagem do medo e da estética do horror.

Lançado em 1968 e dirigido por Roman Polanski, O Bebê de Rosemary é um dos clássicos mais influentes do terror psicológico. Estrelado por Mia Farrow, o filme acompanha uma jovem grávida que começa a suspeitar que uma conspiração satânica está ligada ao seu bebê. Com uma atmosfera de paranoia crescente, a narrativa transforma o terror em algo sutil e perturbador, sem depender de sustos fáceis. O longa recebeu aclamação da crítica e rendeu um Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Ruth Gordon, além de se consolidar como um dos maiores filmes de horror de todos os tempos.

Suspiria foi lançado originalmente em 1977, sob a direção de Dario Argento. A história segue Suzy Bannion (Jessica Harper), uma jovem americana que ingressa em uma prestigiada academia de dança na Alemanha e logo descobre que o local esconde segredos sombrios. O filme se tornou um marco do giallo, subgênero italiano de horror e suspense, graças ao seu visual estilizado, trilha sonora marcante da banda Goblin e cenas de violência coreografadas como pesadelos surrealistas.

Décadas depois, Luca Guadagnino lançou sua versão de Suspiria em 2018, reinterpretando a história com um tom mais denso e político. Estrelado por Dakota Johnson, Tilda Swinton e Mia Goth, o remake aposta em uma abordagem mais atmosférica e visceral, explorando temas como identidade, poder e sacrifício. Com uma estética distinta e cenas de dança hipnotizantes, o filme dividiu opiniões, mas se destacou como uma releitura ousada de um clássico cult.


Pânico (1996) – Escolha de Henrique Nascimento

Pânico redefiniu o terror slasher ao misturar metalinguagem e crítica ao próprio gênero. Dirigido por Wes Craven, o filme apresentou uma abordagem inovadora ao horror adolescente, equilibrando tensão e humor com um roteiro que desconstruía os clichês estabelecidos. O longa acompanha Sidney Prescott (Neve Campbell), jovem assombrada pelo passado que se torna alvo do assassino mascarado Ghostface. O elenco conta ainda com Courteney Cox, David Arquette, Skeet Ulrich e Drew Barrymore, cuja icônica cena de abertura tornou-se um marco do cinema de terror.

O roteiro de Kevin Williamson ajudou a revitalizar o gênero, criando um jogo de gato e rato repleto de referências cinematográficas. O sucesso de Pânico impulsionou uma nova onda de slashers nos anos 1990 e gerou uma franquia duradoura, com diversas sequências e um impacto cultural que segue relevante até hoje. Além de seu desempenho expressivo nas bilheteiras, arrecadando mais de US$ 173 milhões mundialmente, o filme conquistou o MTV Movie & TV Awards de Melhor Filme e consolidou Craven como um dos mestres do terror.


O Silêncio dos Inocentes (1991) e O Exorcista (1973) – Escolhas de Igor Miranda

Alguns filmes de terror ultrapassam as barreiras do gênero e se tornam referências no cinema como um todo. Igor Miranda escolheu dois clássicos absolutos, que marcaram a história do suspense e do horror.

Lançado em 1991, O Silêncio dos Inocentes é dirigido por Jonathan Demme e traz Jodie Foster no papel de Clarice Starling, uma jovem agente do FBI que busca ajuda do brilhante e perigoso Hannibal Lecter, interpretado por Anthony Hopkins, para capturar um serial killer. O filme se destacou pelo clima de tensão constante e pela construção impecável de seus personagens, conquistando um feito raro: venceu os cinco principais prêmios do Oscar Melhor Filme, Direção, Ator, Atriz e RoteiroAdaptado — e elevou Hannibal Lecter ao status de um dos vilões mais icônicos do cinema.

O Exorcista, lançado em 1973 e dirigido por William Friedkin, é um dos filmes de terror mais impactantes de todos os tempos. Baseado no livro de William Peter Blatty, a história acompanha a jovem Regan MacNeil (Linda Blair), possuída por uma entidade demoníaca, e os padres que tentam exorcizá-la. O longa causou choque na época de seu lançamento, com cenas perturbadoras e uma abordagem realista do sobrenatural. Foi um dos primeiros filmes de terror indicados ao Oscar de Melhor Filme, e venceu Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Som. Além de seu legado no gênero, O Exorcista influenciou incontáveis produções e permanece um marco do horror psicológico e religioso.


O Farol (2019) – Escolha de Pedro Figueiredo 

O Farol é um dos filmes mais atmosféricos e perturbadores do terror moderno. Dirigido por Robert Eggers, o longa é estrelado por Willem Dafoe e Robert Pattinson, que interpretam dois faroleiros isolados em uma ilha remota, enfrentando a solidão, a loucura e mistérios sobrenaturais. Filmado em preto e branco, com uma estética que remete ao cinema expressionista e à mitologia marítima, o filme se destaca pela fotografia imersiva e pelo tom claustrofóbico.

A produção mistura elementos do terror psicológico e do folclore, criando uma experiência intensa e ambígua, onde a sanidade dos personagens se dissolve junto à paisagem inóspita. O roteiro, escrito por Eggers e Max Eggers, é inspirado em registros históricos e na literatura de H.P. Lovecraft, explorando temas como isolamento, culpa e poder. A performance de Dafoe e Pattinson recebeu elogios da crítica, e o filme foi indicado ao Oscar de Melhor Fotografia.


Corra! (2017) – Escolha de Rodrigo Tammaro

Lançado em 2017, Corra! marcou a estreia de Jordan Peele na direção e redefiniu o terror contemporâneo ao misturar horror psicológico e crítica social. Estrelado por Daniel Kaluuya, Allison Williams, Bradley Whitford e Catherine Keener, o filme acompanha Chris Washington, um jovem negro que visita a casa da família de sua namorada branca e começa a perceber que há algo de profundamente errado naquele ambiente.

A trama, que inicialmente se apresenta como um thriller de tensão crescente, logo revela um terror mais profundo, explorando o racismo estrutural e o medo da perda de identidade. O roteiro engenhoso de Peele, repleto de simbolismos e reviravoltas, transformou Corra! em um fenômeno cultural, arrecadando mais de US$ 250 milhões mundialmente e recebendo quatro indicações ao Oscar. A produção venceu na categoria de Melhor Roteiro Original.