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Os 20 melhores filmes LGBTQIAPN+ brasileiros, segundo Rolling Stone

Para celebrar o Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, comemorado em 28 de junho, confira uma lista com os melhores filmes com a temática

Henrique Nascimento (@hc_nascimento)

Os 20 melhores filmes LGBTQIAPN+ brasileiros, segundo a Rolling Stone Brasil
Os 20 melhores filmes LGBTQIAPN+ brasileiros, segundo a Rolling Stone Brasil - Divulgação

O dia 28 de junho é marcado como o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. A data remonta à Rebelião de Stonewall, que ocorreu em 1969 na cidade de Nova York, e se tornou um verdadeiro marco na luta pelos direitos da comunidade.

Para celebrar a data, a Rolling Stone Brasil se dispôs à hercúlea tarefa de selecionar os 20 melhores filmes brasileiros com a temática, que contam diferentes histórias estreladas por personagens LGBTQIAPN+. Confira a seguir:

20. Laerte-se (2017)

Laerte-se é um mergulho íntimo e sensível na vida da cartunista Laerte Coutinho, que, aos 58 anos, passa a se reconhecer como mulher trans. Dirigido por Lygia Barbosa da Silva e Eliane Brum, o documentário acompanha sua jornada de autodescoberta, explorando questões de identidade de gênero, relações familiares e o impacto de sua transição na carreira artística. A narrativa é conduzida por conversas profundas e cotidianas, proporcionando uma visão honesta e sem adornos da experiência de Laerte .

O filme destaca a coragem de Laerte ao compartilhar a sua história, enfrentando desafios pessoais e profissionais com vulnerabilidade e humor. Laerte-se não apenas documenta uma transição de gênero, mas também questiona normas sociais e celebra a autenticidade. Disponível na Netflix, o documentário é uma obra essencial para quem busca entender as complexidades da identidade e a importância da representação no cinema brasileiro. Angelo Cordeiro

Laerte-se é um mergulho íntimo e sensível na vida da cartunista Laerte Coutinho, que, aos 58 anos, passa a se reconhecer como mulher trans (Foto: Divulgação)
Laerte-se é um mergulho íntimo e sensível na vida da cartunista Laerte Coutinho, que, aos 58 anos, passa a se reconhecer como mulher trans (Foto: Divulgação)

19. Inferninho (2018)

Talvez você não conheça este, mas seja bem-vindo ao Inferninho, um bar perdido no tempo e no espaço, onde tudo pode acontecer e acontece. É nesse microcosmo surreal que acompanhamos Deusimar, a dona do bar (interpretada por Yuri Yamamoto), e sua turma de outsiders, todos sonhando com um escape enquanto lidam com seus desejos, frustrações e afetos. O filme mistura romance, comédia, drama e uma estética meio kitsch, meio mágica, criando um universo próprio e irresistível.

Inferninho é um sopro de frescor no cinema LGBTQIAPN+ brasileiro, com sua estética colorida, humor agridoce e uma vibe de resistência cheia de ternura. Premiado em vários festivais (como o Frameline, em San Francisco, e o Festival do Rio), o longa dirigido por Guto Parente e Pedro Diógenes celebra a pluralidade dos afetos queer, o amor em lugares improváveis e a beleza dos encontros improváveis. Um filme que é puro charme, acolhimento e liberdade, bem como todo inferninho deveria ser. — A. C.

Inferninho é um sopro de frescor no cinema LGBTQIAPN+ brasileiro, com sua estética colorida, humor agridoce e uma vibe de resistência cheia de ternura (Foto: Divulgação)
Inferninho é um sopro de frescor no cinema LGBTQIAPN+ brasileiro, com sua estética colorida, humor agridoce e uma vibe de resistência cheia de ternura (Foto: Divulgação)

 


18. Paloma (2022)

Dirigido por Marcelo Gomes (Criaturas da Mente), Paloma é quase um conto de fadas nordestino, daqueles em que a princesa sonha com um casamento na igreja, mesmo sabendo que a realidade à sua volta é bem mais cruel do que qualquer madrasta de desenho animado.

Inspirado em uma história real, o filme acompanha uma mulher trans, vivida por Kika Sena, que insiste em sonhar num sertão cercado por conservadorismo, preconceito e violência. E é aí que o longa encontra sua força: sem cair no drama apelativo ou na dor gratuita, Paloma vira símbolo de resistência e esperança.

Paloma é um lembrete do que o cinema brasileiro pode — e deve — fazer quando decide olhar com humanidade para quem sempre foi marginalizado. No país que mais mata pessoas trans, ver uma protagonista retratada com afeto, desejo e direito de sonhar já é, por si só, um gesto político. Marcelo Gomes entrega um filme delicado, comovente e poderoso, que está aí para provar que personagens trans podem ser tratadas com carinho e que seus sonhos também merecem ser valorizados. — A. C.

Paloma é quase um conto de fadas nordestino, daqueles em que a princesa sonha com um casamento na igreja, mesmo sabendo que a realidade à sua volta é cruel (Foto: Divulgação)
Paloma é quase um conto de fadas nordestino, daqueles em que a princesa sonha com um casamento na igreja, mesmo sabendo que a realidade à sua volta é cruel (Foto: Divulgação)

 


17. Alice Júnior (2019)

Colorido, leve, divertido e contemporâneo, Alice Júnior acompanha a saga de Alice (Anne Celestino Mota), uma adolescente trans cheia de autoestima, carisma e zero paciência para transfobia. Quando se muda para uma escola conservadora no interior, ela encara o desafio de viver sua verdade e dar o primeiro beijo, enquanto desmonta preconceitos com muito humor, tutoriais de maquiagem e vídeos para o seu canal.

A interpretação de Anne é puro carisma, trazendo representatividade com frescor e sem carregar o peso do drama que geralmente cerca narrativas trans. Alice Júnior é um suspiro de esperança, diversidade e afirmação, mostrando que pessoas trans também têm direito a histórias de descoberta amorosa, humor e amadurecimento como qualquer adolescente. Um filme que deveria ser matéria obrigatória em toda escola! — A. C.

Colorido, leve, divertido e contemporâneo, Alice Júnior acompanha a saga de Alice, uma adolescente trans cheia de autoestima, carisma e zero paciência para transfobia (Foto: Divulgação)
Colorido, leve, divertido e contemporâneo, Alice Júnior acompanha a saga de Alice, uma adolescente trans cheia de autoestima, carisma e zero paciência para transfobia (Foto: Divulgação)

 


16. Praia do Futuro (2014)

Dirigido por Karim Aïnouz (Motel Destino), a partir do roteiro do cineasta em parceria com Felipe Bragança (O Céu de Suely) e Marco Dutra (As Boas Maneiras), Praia do Futuro, estrelado por Wagner Moura (O Agente Secreto), explora as nuances das relações humanas, da identidade pessoal e do impacto do passado no presente.

Através da história do salva-vidas Donato (Moura), que se afasta de seu irmão caçula, Ayrton (Jesuíta Barbosa, Homem com H), para viver com o alemão Konrad (Clemens Schick, Andor), o longa traz uma profunda reflexão sobre amor, saudade e o desejo de encontrar um lugar onde se pertença verdadeiramente. — A. C. & Henrique Nascimento

Wagner Moura estrela Praia do Futuro, longa escrito e dirigido por Karim Aïnouz (Foto: Divulgação)
Wagner Moura estrela Praia do Futuro, longa escrito e dirigido por Karim Aïnouz (Foto: Divulgação)

15. Greta (2019)

Quem só conhece Marco Nanini como o “Popozão” de A Grande Família irá se emocionar com sua interpretação em Greta. Com uma delicadeza ímpar, o filme de Armando Praça entrega uma história sobre desejo, solidão e envelhecer, temas ainda pouco explorados no cinema LGBTQIAPN+, e que aqui ganham um olhar sensível e corajoso.

Marco Nanini brilha no papel de Pedro, um enfermeiro gay que, diante da internação de sua melhor amiga, envolve-se com um jovem foragido. É um filme que fala de amor e sexo, mas também de medo, abandono e do desejo de não ficar invisível quando se envelhece.

Com um roteiro maduro e sem concessões, o filme quebra tabus ao colocar o envelhecimento da população LGBTQIAPN+ em cena, com todas as suas contradições e fragilidades. Intenso e humano, Greta prova que o cinema brasileiro sabe, sim, contar histórias complexas e belíssimas sobre quem muitas vezes é deixado de lado. — A. C.

Quem só conhece Marco Nanini como o "Popozão" de A Grande Família irá se emocionar com sua interpretação em Greta (Foto: Divulgação)
Quem só conhece Marco Nanini como o “Popozão” de A Grande Família irá se emocionar com sua interpretação em Greta (Foto: Divulgação)

 


14. Sócrates (2018)

Com um orçamento superpequeno, mas um coração gigante, Sócrates é um daqueles filmes que pegam você de jeito. A história acompanha um jovem de 15 anos, negro e gay, tentando sobreviver sozinho no litoral de São Paulo depois da morte repentina da mãe. Sem grana, sem apoio, mas com muita perseverança, Sócrates enfrenta a dureza da vida com uma força comovente e Christian Malheiros, no papel principal, simplesmente arrebenta.

O filme foi realizado com uma equipe formada majoritariamente por jovens em situação de vulnerabilidade social, sob orientação do Instituto Querô, o que já dá ainda mais potência e significado à sua existência. Sócrates ganhou reconhecimento internacional por sua delicadeza e urgência em mostrar realidades invisibilizadas. Um filme sensível e potente, que prova como o cinema brasileiro independente pode ser transformador! — A. C.

Com um orçamento superpequeno, mas um coração gigante, Sócrates é um daqueles filmes que pegam você de jeito (Foto: Divulgação)
Com um orçamento superpequeno, mas um coração gigante, Sócrates é um daqueles filmes que pegam você de jeito (Foto: Divulgação)

 


13. Pedágio (2023)

No longa de Carolina Markowicz (Ninguém Tá Olhando), Suellen (Maeve JinkingsDNA do Crime) trabalha como uma cobradora de pedágio e percebe que pode usar o seu trabalho para fazer uma renda extra ilegalmente e financiar a ida de seu filho, Tiquinho (Kauan Alvarenga, O Órfão), a um caríssimo programa de cura gay, ministrado por um famoso pastor estrangeiro.

Através de uma história potente, Pedágio retrata a opressão e a violência sofrida pela população LGBTQIPAN+ frente às incoerências e atrocidades promovidas pela sociedade, especialmente nos últimos anos. — A. C. & H. N.

Pedágio retrata a opressão e a violência sofrida pela população LGBTQIPAN+ frente às incoerências e atrocidades promovidas pela sociedade (Foto: Divulgação)
Pedágio retrata a opressão e a violência sofrida pela população LGBTQIPAN+ frente às incoerências e atrocidades promovidas pela sociedade (Foto: Divulgação)

 


12. A Rainha Diaba (1974)

No Rio de Janeiro dos anos 1970, violento e marginal, surge uma personagem simplesmente inesquecível: Catitu, a majestosa Rainha Diaba, interpretada com tudo por Milton Gonçalves. Inspirado em personagens reais do submundo carioca, o filme mergulha na cena do crime organizado, mas o que rouba a cena é essa figura transgressora, poderosa, desafiadora das normas de gênero e dona de um carisma que atravessa décadas. É cinema brasileiro corajoso, provocador e muito à frente de seu tempo!

Lançado em plena ditadura militar, A Rainha Diaba não poupou nas críticas sociais e no retrato cru da violência, da hipocrisia e da marginalização das identidades LGBTQIAPN+. Não à toa, virou clássico cult, e até hoje é referência quando se fala de representatividade queer no cinema nacional, mesmo com todas as limitações da época. Um filme ousado, que não se explica, não se desculpa e segue atual no debate sobre poder, gênero e sobrevivência nas margens. — A. C.

Lançado em plena ditadura militar, A Rainha Diaba não poupou nas críticas sociais e no retrato cru da violência, da hipocrisia e da marginalização das identidades LGBTQIAPN+ (Foto: Divulgação)
Lançado em plena ditadura militar, A Rainha Diaba não poupou nas críticas sociais e no retrato cru da violência, da hipocrisia e da marginalização das identidades LGBTQIAPN+ (Foto: Divulgação)

 


11. O Beijo no Asfalto (1981)

Baseado na peça clássica de Nelson Rodrigues, O Beijo no Asfalto é um clássico do nosso cinema e um tapa na cara do moralismo hipócrita. Um simples gesto de compaixão: um beijo dado por um homem em outro, morrendo na rua, vira o estopim para o escândalo, o julgamento público e a caça às bruxas. Em um Brasil ainda carregado de preconceito, o filme escancara como a sociedade adora transformar o diferente em motivo de linchamento moral.

Com direção de Bruno Barreto e um elenco afiado (com Lúcio Mauro, Tarcísio Meira e Glória Pires), o filme mantém o veneno do texto rodriguiano intacto e atualíssimo — ganhou até uma nova adaptação em 2018, dirigida por Murilo Benício. O Beijo no Asfalto coloca a homofobia estrutural em xeque, numa crítica que segue ressoando décadas depois. É cinema brasileiro corajoso e incômodo, que fala tanto do passado quanto, tristemente, do presente. — A. C.

Baseado na peça clássica de Nelson Rodrigues, O Beijo no Asfalto é um clássico do nosso cinema e um tapa na cara do moralismo hipócrita (Foto: Divulgação)
Baseado na peça clássica de Nelson Rodrigues, O Beijo no Asfalto é um clássico do nosso cinema e um tapa na cara do moralismo hipócrita (Foto: Divulgação)

 


10. Divinas Divas (2016)

Dirigido pela atriz Leandra LealDivinas Divas explora a história de oito artistas transformistas brasileiras, que revolucionaram a cena LGBTQIAPN+ e teatral do país entre as décadas de 1960 e 1970.

A produção acompanha as vidas, as carreiras e os legados de Rogéria, Jane Di Castro, Divina Valéria, Camille K, Fujika de Halliday, Eloína dos Leopardos, Marquesa e Brigitte de Búzios, que foram pioneiras em romper com tabus em uma época de forte repressão social e política no Brasil.

Divinas Divas também é uma emocionante despedida à maioria do grupo: das oito artistas retratadas, apenas Divina ValériaEloína dos Leopardos estão vivas em 2025. Marquesa faleceu logo após as filmagens do documentário e é homenageada na obra, inclusive estampando o pôster oficial do longa. — H. N.

Divinas Divas homenageia oito artistas, que foram pioneiras em romper com tabus em uma época de forte repressão social e política no Brasil (Foto: Divulgação)
Divinas Divas homenageia oito artistas, que foram pioneiras em romper com tabus em uma época de forte repressão social e política no Brasil (Foto: Divulgação)

9. Valentina (2020)

Com muita doçura e coragem, Valentina conta a história de uma adolescente trans que só quer o básico: estudar com seu nome social e tentar recomeçar a vida numa cidadezinha de Minas. Mas claro que o preconceito e a burocracia são barreiras, e é aí que o filme brilha, mostrando com sensibilidade — mas sem melodrama — o quanto a simples afirmação da identidade pode ser um ato revolucionário no Brasil de hoje.

Thiessa Woinbackk, em sua estreia no cinema, entrega uma atuação cheia de verdade, que lhe rendeu o prêmio de Melhor Interpretação no Outfest de Los Angeles logo de cara! Além de emocionar, Valentina — um filme que fala de amor, resistência e da importância de existir e ser respeitado do jeito que se é — virou queridinho de festivais: levou Melhor Filme no Júri e no Público no MixBrasil, em 2020, foi premiado na Mostra de São Paulo do mesmo ano como Melhor Ficção Brasileira, além de ganhar uma menção honrosa para Thiessa. — A. C.

Valentina é um filme que fala de amor, resistência e da importância de existir e ser respeitado do jeito que se é (Foto: Divulgação)
Valentina é um filme que fala de amor, resistência e da importância de existir e ser respeitado do jeito que se é (Foto: Divulgação)

 


8. Salão De Baile: This Is Ballroom (2024)

Pensa em um documentário vibrante: Salão de Baile leva a cultura ballroom — que nasceu nos guetos de Nova York — para o Rio de Janeiro com ares cariocas, incluindo samba, funk e capoeira. Dirigido pelo duo Juru e Vitã, o filme retrata com muito brilho e afeto a cena LGBTQIAPN+ preta do Rio, mostrando Youngsters cheios de atitude nas Houses, desafiando gênero e racismo, tudo com beats, poses e lives que são puro poder! Um verdadeiro mergulho artístico, político e visceral nesse universo de expressão e resistência. — A. C.

Salão de Baile leva a cultura ballroom — que nasceu nos guetos de Nova York — para o Rio de Janeiro com ares cariocas, incluindo samba, funk e capoeira (Foto: Divulgação)
Salão de Baile leva a cultura ballroom — que nasceu nos guetos de Nova York — para o Rio de Janeiro com ares cariocas, incluindo samba, funk e capoeira (Foto: Divulgação)

7. Deserto Particular (2021)

Pré-indicado ao Oscar em 2021, Deserto Particular é uma emocionante história sobre encontrar a si mesmo. O longa de Aly Muritiba (Cangaço Novo) gira em torno de Daniel (Antonio Saboia, Ainda Estou Aqui), um homem que se divide entre os cuidados com o pai debilitado e a luta para se reerguer após perder o seu emprego como policial por se envolver em problemas.

No meio dos conflitos, a sua salvaguarda é o relacionamento com a misteriosa Sara, uma mulher com quem troca mensagens, mas nunca encontrou pessoalmente. Dedicido a encurtar a distância, Daniel viaja até a cidade em que ela vive, à sua procura, em uma jornada sensível de amadurecimento, em que enfrenta os desejos e os preconceitos que moldaram a sua vida, impedindo-o de ser quem realmente é. — H. N.

Pré-indicado ao Oscar em 2021, Deserto Particular é uma emocionante história sobre encontrar a si mesmo (Foto: Divulgação)
Pré-indicado ao Oscar em 2021, Deserto Particular é uma emocionante história sobre encontrar a si mesmo (Foto: Divulgação)

 


6. Bixa Travesty (2018)

Dirigido por Kiko Goifman e Claudia Priscilla, Bixa Travesty é um documentário sobre a vida e a carreira de Linn da Quebrada, que se tornou nacionalmente conhecida após participar da 22ª edição do reality show Big Brother Brasil, e explora temas como empoderamento, resistência e representação.

O longa — que venceu o Teddy Award, dedicado a produções LGBTQIAPN+, no Festival de Cinema de Berlim, o prestigiado Berlinale — aborda não apenas a jornada artística e musical de Linn, que desafia estereótipos e preconceitos através do se utrabalho, mas também questões de identidade, gênero, sexualidade, raça e classe social. — H. N.

Bixa Travesty é um documentário sobre a vida e a carreira de Linn da Quebrada, e explora temas como empoderamento, resistência e representação (Foto: Divulgação)
Bixa Travesty é um documentário sobre a vida e a carreira de Linn da Quebrada, e explora temas como empoderamento, resistência e representação (Foto: Divulgação)

 


5. Homem com H (2025)

Mesmo que não seja um filme necessariamente LGBTQIAPN+, Homem com H é mais do que apenas uma cinebiografia: é a história de Ney Matogrosso, um homem que, à frente do seu tempo, ousou desafiar o convencional, libertar-se das opressões, driblar figuras de autoridades, como o próprio pai, e se tornar um dos artistas mais influentes de sua geração.

Estrelado por Jesuíta Barbosa (Tatuagem), que encarna Ney com delicadez, energia, sensualidade e precisão, o longa retrata a difícil relação com o pai ao longo da vida, o sucesso com o grupo Secos e Molhados em meio à ditadura militar, os amores e as grandes amizades do artista, incluindo o eterno Cazuza (Jullio Reis, S.O.S. Mulheres ao Mar 2), e o seu triunfo na carreira solo. — H. N.

Cinebiografia de Ney Matogrosso, Homem com H conta a história de um homem que ousou ser quem é (Foto: Divulgação/Paris Filmes)
Cinebiografia de Ney Matogrosso, Homem com H conta a história de um homem que ousou ser quem é (Foto: Divulgação/Paris Filmes)

 


8. Baby (2025)

Parece impossível para Marcelo Caetano dissociar a experiência da sexualidade divergente dos conceitos de família e acolhimento, que se manifestam de diferentes formas em suas histórias. Em Baby, isso se dá pela relacionamento entre Wellington (João Pedro MarianoTremembé), um jovem que acaba de deixar um centro de internação juvenil e se vê perdido em uma tão populosa quanto solitária São Paulo; e Ronaldo (Ricardo Teodoro, Vale Tudo), um garoto de programa, que decide acolher o rapaz e ajudá-lo a reiniciar a sua vida.

No entanto, o que parece começar como uma relação de proteção e cumplicidade acaba evoluindo para um conflito, que distancia os dois e, ao mesmo tempo, os força a entender o que e, principalmente, quem é importante conservar para lidar com as consequências de (sobre)viver uma vida no limite, marcada pela insegurança e a violência. — H. N.

Parece impossível para Marcelo Caetano dissociar a experiência da sexualidade divergente dos conceitos de família e acolhimento, que se manifestam de diferentes formas em suas histórias, como em Baby (Foto: Divulgação)
Parece impossível para Marcelo Caetano dissociar a experiência da sexualidade divergente dos conceitos de família e acolhimento, que se manifestam de diferentes formas em suas histórias, como em Baby (Foto: Divulgação)

 


3. Madame Satã (2002)

Sob direção de Karim Aïnouz e com uma atuação inesquecível de Lázaro Ramos (Ó Paí, Ó), Madame Satã conta a história real de João Francisco dos Santos — um homem negro, gay e transformista que se transforma na lendária Madame Satã. É um retrato visceral da boemia marginalizada, da busca pela identidade e da criatividade feroz de quem vive à margem da sociedade.

Mais que um filme, Madame Satã é um marco no cinema brasileiro e um divisor de águas na representação LGBTQIAPN+ nas telas. Ao colocar a vida de João Francisco no centro da narrativa, o longa quebra paradigmas, mostrando toda a complexidade, a dor e a beleza dessa história que desafia o apagamento e os estereótipos simplistas — especialmente em um país onde temas assim ainda lutam para ganhar espaço e respeito. — A. C.

Mais que um filme, Madame Satã é um marco no cinema brasileiro e um divisor de águas na representação LGBTQIAPN+ nas telas (Foto: Divulgação)
Mais que um filme, Madame Satã é um marco no cinema brasileiro e um divisor de águas na representação LGBTQIAPN+ nas telas (Foto: Divulgação)

 


2. Corpo Elétrico (2017)

Antes de Baby, como falamos antes, Marcelo Caetano explorou a busca por conexões humanas genuínas em Corpo Elétrico, o seu primeiro longa-metragem. Nele, acompanhamos a história de Elias (Kelner Macêdo, Guerreiros do Sol), um jovem gay, saído do Nordeste para ganhar a vida em São Paulo, que trabalha como assistente de estilista em uma confecção de roupas.

É nesse improvável espaço que a nova vida do rapaz começa a se desenvolver, esbarrando em questões como solidão urbana, desejo e relações romântico-afetivas, conforme Elias cria a sua própria família ao mesmo tempo em que explora a sua sexualidade. — H. N.

Antes de Baby, Marcelo Caetano explorou a busca por conexões humanas genuínas em Corpo Elétrico, o seu primeiro longa-metragem (Foto: Divulgação)
Antes de Baby, Marcelo Caetano explorou a busca por conexões humanas genuínas em Corpo Elétrico, o seu primeiro longa-metragem (Foto: Divulgação)

 


1. Tatuagem (2013)

Transgressor, Tatuagem, de Hilton Lacerda, é daqueles filmes que chegam chutando a porta com purpurina, deboche, nudez e poesia. Ambientado no Recife dos anos 1970, em plena ditadura militar, o longa acompanha o grupo teatral Chão de Estrelas, uma trupe anárquica e libertária que desafia o moralismo com arte, erotismo e provocação.

No meio disso tudo, nasce o romance entre Clécio (Irandhir Santos, Aquarius) e Fininha (Jesuíta Barbosa), um jovem militar em conflito com a rigidez do quartel e o desejo de viver algo mais verdadeiro.

Tatuagem escancara o poder político do corpo e da performance, e eterniza no cinema uma das músicas mais subversivas já criadas: a inesquecível Polka do Cu, hino de resistência que escancara com humor e ousadia tudo o que a moral conservadora tenta esconder.

O filme se tornou um marco para o cinema brasileiro e para a representação LGBTQIAPN+ ao mostrar corpos e afetos queer com dignidade e beleza. Nada ali é suavizado para agradar, e talvez por isso tenha sido tão celebrado. Sua relevância é tanta que está presente na lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, feita pela Abraccine. Tatuagem é política em forma de arte, ou vice-versa. — A. C.

Transgressor, Tatuagem, de Hilton Lacerda, é daqueles filmes que chegam chutando a porta com purpurina, deboche, nudez e poesia (Foto: Divulgação)
Transgressor, Tatuagem, de Hilton Lacerda, é daqueles filmes que chegam chutando a porta com purpurina, deboche, nudez e poesia (Foto: Divulgação)

 

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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas, em São Paulo, Henrique Nascimento começou como estagiário na Veja São Paulo e passou por veículos como SBT, Exitoína, Yahoo! Brasil e UOL antes de se tornar coordenador do núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo.
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