LUTO

Silvio Tendler, ‘o cineasta dos sonhos interrompidos’, morre aos 75 anos

Há dez anos, o cineasta fora diagnosticado com uma neuropatia diabética, doença que prejudica o sistema nervoso; a morte foi confirmada por sua filha

Angelo Cordeiro (@angelocordeirosilva)

Silvio Tendler, 'o cineasta dos sonhos interrompidos', morre aos 75 anos
Silvio Tendler, 'o cineasta dos sonhos interrompidos', morre aos 75 anos - Reprodução/YouTube

O cineasta Silvio Tendler, conhecido como o “cineasta dos sonhos interrompidos“, morreu nesta sexta-feira, 5 de setembro, aos 75 anos, vítima de uma infecção generalizada. Ele enfrentava há dez anos uma neuropatia diabética, doença que compromete o sistema nervoso.

A informação foi confirmada pela Caliban, produtora que ele fundou, nas redes sociais. Confira:

 
 
 
 
 
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Tendler foi um dos principais nomes do cinema documental brasileiro, retratando episódios e figuras históricas da política nacional. Entre seus filmes mais conhecidos estão a “Trilogia Presidencial”: Jango (1980), Os Anos JK – Uma Trajetória Política (1980) e Tancredo, A Travessia (2011). O documentário sobre João Goulart alcançou cerca de 1 milhão de espectadores, se tornando um dos maiores sucessos do gênero no país.

Outros filmes de grande bilheteria dirigidos por Tendler incluem O Mundo Mágico dos Trapalhões (1981), com 1,3 milhão de espectadores, e Os Anos JK, com 800 mil. Sua obra mais ambiciosa, Utopia e Barbárie, levou cerca de vinte anos para ser concluída e oferece um retrato da segunda metade do século 20, com entrevistas e análises de nomes como Augusto Boal, Eduardo Galeano e Susan Sontag.

Nascido no Rio de Janeiro em 1950, Tendler iniciou sua trajetória no cinema no fim dos anos 1960. Para escapar da ditadura militar, passou pelo exílio no Chile antes de se mudar para a França, onde estudou história e cinema. Retornando ao Brasil, tornou-se professor da PUC-Rio e fundou a produtora Caliban, responsável por mais de 80 títulos documentais, em sua maioria de cunho histórico.

Nos anos 1990, Tendler também atuou na política institucional, como Secretário de Cultura e Esporte do Distrito Federal, e colaborou com a Unesco na articulação da indústria audiovisual no Mercosul. Ao longo de sua carreira, recebeu mais de 60 prêmios em festivais nacionais e internacionais e foi condecorado pelo governo federal com a Ordem Rio Branco e, recentemente, com a Ordem do Mérito Cultural.

Silvio Tendler deixa a esposa, Fabiana Versasi, e a filha, Ana Rosa Tendler, além de um legado marcante que consolidou sua importância para o cinema e a memória histórica do Brasil.

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Angelo Cordeiro é repórter do núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo. Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas, escreve sobre filmes desde 2014. Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Pisciano, mas não acredita em astrologia. São-paulino, pai de pet e cinéfilo obcecado por listas e rankings.
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