Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Thomas Mars falou sobre a participação do Phoenix nas trilhas sonoras dos filmes dirigidos pela esposa, Sofia Coppola
Sofia Coppola conheceu o marido, Thomas Mars, quando ele participou da trilha sonora de As Virgens Suicidas (1999). A cineasta se divorciou de Spike Jonze, diretor de Ela (2013) e Onde Vivem os Monstros (2009), em 2003 — mesmo ano em que Encontros e Desencontros chegou aos cinemas.
O filme estrelado por Scarlett Johansson e Bill Murray também representou a continuação de uma parceria entre a filha de Francis Ford Coppola e Mars. Intencionalmente ou não, a dupla estava criando uma tradição desde o primeiro longa-metragem de Sofia, ao reunir os talentos, cada um dentro de sua especialidade, em obras audiovisuais.
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Coppola dirigiu o videoclipe de "Chloroform", e o grupo francês fez uma participação especial em Maria Antonieta (2006). O Phoenix ainda usou o cenário do longa protagonizado por Kirsten Dunst para gravar o vídeo de "Run Run Run".
"É muito fácil", disse o vocalista da banda sobre colaborar com a diretora de On the Rocks (2020). Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Thomas explicou que trabalhar ao lado de Sofia, com quem oficializou um relacionamento em 2011, "não parece trabalho": "Quando ela começa um projeto, a música está lá desde o começo. Ela precisa de música desde o começo, precisa de música para escrever roteiros, e uma coisa alimenta a outra. Parece muito natural".
O casal, que tem duas filhas, também somou os ofícios em Priscilla, filme que retrata o casamento de Priscilla e Elvis Presley sob a perspectiva da ex-esposa do chamado Rei do Rock. Embora Priscilla Presley tenha colaborado com o longa, o espólio de Elvis não concordou em ceder os direitos das músicas do cantor para que fossem incluídas no projeto de Coppola. Ela, então, recebeu a oportunidade de dar vida a uma trilha sonora menos óbvia com a ajuda do Phoenix.
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Especialmente nesse último projeto, em Priscilla... Quando trabalhamos na trilha sonora, foi muito divertido, criativamente, para a banda e para mim. Acho que eu sei exatamente o que ela [Sofia Coppola] quer. Além disso, ela é muito boa em nos explicar o que ela quer. Ela é muito técnica. Então, não há espaço para confusão.
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É mais fácil sermos criativos dessa forma. Não sei se faz sentido, mas é. Ela ama música e consegue compartilhar sua paixão por isso... Acabamos falando a mesma língua. Nós também moramos sob o mesmo teto, então, a comunicação é bem... Tipo, eu sei de onde as coisas vêm. Ela também sabe de onde a música está vindo. Logo, ela sabe o que ela quer para um filme, e eu sei o que eu posso levar para um roteiro ou outro projeto.
O Estranho Que Nós Amamos (2017) foi citado por Mars para exemplificar o quão minuciosa Coppola consegue ser em seus pedidos para trilha sonora: "Nesse filme, que se passa durante a era da Guerra Civil, ela queria sintetizadores muito específicos, que ela já tinha ouvido antes de mim. Esses sintetizadores são bem do final dos anos 1970, que desafinam da melhor forma possível e que criam esses acordes de tensão que podem ser ameaçadores".
É como se eu fosse um pintor e ela me dissesse que só posso usar azul e vermelho.
"Pensando em Priscilla, ela descreveu os sons, a atmosfera e tudo mais", adicionou. "Então, eu sabia que ela queria sons específicos, como da era do Wall of Sound, com delays, ecos, algo do tipo needle drop no filme."