Adaptação dos festivais às mudanças climáticas é tema de debate na SIM SP
Diante de fenômenos climáticos cada vez mais extremos, organizações dos eventos preparam protocolos para mitigar riscos e garantir o bem-estar dos fãs
Redação
Publicado em 19/02/2025, às 16h22
As mudanças climáticas são uma realidade incontestável e cada vez mais cotidiana. Diante desse cenário, os festivais de música precisam se adaptar para garantir não só a segurança e o conforto do público, mas também estratégias de sustentabilidade para a realização dos eventos.
O tema foi debatido no painel “Resiliência Climática: Como os Festivais de Música Estão Se Adaptando às Mudanças Climáticas?”, realizado nesta quarta-feira (19) durante a SIM São Paulo 2025. Organizado pelo Mapa dos Festivais, o debate reuniu Letícia Freire (gerente de sustentabilidade da Rock World, responsável por Rock in Rio, The Town e Lollapalooza), Laura Peiter (especialista em sustentabilidade da BM2B Consultoria) e Leca Guimarães (executiva do entretenimento), com mediação de Juli Baldi, diretora do Mapa dos Festivais.
Diante de fenômenos climáticos cada vez mais extremos, como chuvas torrenciais, ondas de calor e ventos fortes, os festivais estão desenvolvendo estratégias para mitigar riscos e garantir o bem-estar dos fãs. A necessidade de adaptação não se limita apenas à logística dos eventos, mas também envolve patrocinadores, fornecedores e toda a cadeia produtiva da música ao vivo.
Adaptação às mudanças climáticas
A especialista Laura Peiter, da BM2B Consultoria, destacou que o setor de eventos tem um desafio urgente: planejar festivais levando em consideração o impacto do clima extremo. Segundo ela, uma experiência pessoal foi o estopim para um movimento de transformação.
A partir de uma experiência pessoal de ficar ilhada em um festival durante uma enchente, desenvolvemos um protocolo de Resiliência Climática que rapidamente foi adotado não só por festivais como o Rock in Rio, mas também pelas marcas que patrocinam os eventos. A experiência do público é radicalmente impactada pelos extremos climáticos. É fundamental que os festivais e empresas da cadeia produtiva estejam alinhados nesse enfrentamento.”
O protocolo inclui planos de evacuação, monitoramento meteorológico contínuo, reforço na comunicação com o público em situações de emergência e ajustes estruturais nos eventos para minimizar os impactos do calor ou da chuva.

Já Letícia Freire, gerente de sustentabilidade da Rock World, destacou que as iniciativas de resiliência climática são uma realidade. Responsável por alguns dos maiores festivais do Brasil, como Rock in Rio, The Town e Lollapalooza, a empresa tem investido em um conjunto de ações para minimizar os riscos e impactos das mudanças climáticas.
Em todos os nossos eventos, temos nos comprometido com diversos protocolos de resiliência climática, como pontos de hidratação, investimento em áreas cobertas e refrigeradas, plano operacional de emergência climática, instalação de sistemas de captação e aterramento de descargas atmosféricas. A cada edição, os planos são revistos e revisados.”
A infraestrutura dos festivais precisa estar preparada para lidar com condições adversas, e isso inclui revisão constante da estrutura elétrica, áreas de escape e sinalização para situações emergenciais.
Evolução das medidas climáticas no Brasil
Os impactos climáticos nos festivais já eram um problema enfrentado há alguns anos em países da Europa e da América do Norte, mas nos últimos anos se intensificaram no Brasil. Leca Guimarães, executiva do setor de entretenimento, acompanhou esse processo de perto e destacou como as mudanças climáticas passaram a ser um fator determinante na organização dos eventos.
Depois de 12 anos à frente do Lollapalooza, percebemos que mudanças climáticas que vinham impactando as edições do festival no hemisfério norte desde 2018, como o calor extremo na França, chegaram ao Brasil. Cresceu também uma maior atenção da mídia ao problema, o que é muito positivo para gerar mudanças necessárias nos protocolos e planejamento dos eventos.”
O painel na SIM São Paulo 2025 deixou claro que a adaptação climática não é mais uma escolha, mas uma necessidade para garantir a continuidade e a segurança dos festivais de música. À medida que eventos de grande porte aprimoram seus protocolos, o setor se fortalece na criação de modelos de gestão mais resilientes, sustentáveis e alinhados com a nova realidade climática do planeta.
A SIM São Paulo 2025 acontece desde o dia 17 e continua até o dia 21 de fevereiro, consolidando-se como o maior encontro da música e economia criativa da América Latina. O evento reune artistas, produtores, executivos da indústria fonográfica, festivais, selos e profissionais do setor em uma programação intensa de painéis, workshops, showcases e networking.
Em 2025, a SIM SP reforça sua vocação como plataforma global de conexão e inovação no mercado musical, promovendo debates sobre o futuro da música, novas tecnologias, sustentabilidade, diversidade e políticas culturais. Além da programação oficial, o evento contará com uma extensa agenda paralela espalhada pela cidade, reafirmando São Paulo como um polo de efervescência cultural e artística.
A Semana Internacional de Música de São Paulo 2025 tem o patrocínio do Instituto Cultural VALE, Rede (Itaú-Unibanco), cartão Elo e Heineken, além de vários parceiros, através da Lei de Incentivo Federal, Ministério da Cultura/Governo federal.