A escritora sul-coreana, autora de 'A Vegetariana', é a primeira de seu país a conquistar o prêmio
A escritora sul-coreana Han Kang foi anunciada nesta quinta-feira (10) como vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 2024. Aos 53 anos, Han é a primeira autora de seu país a receber o prestigiado prêmio, que reconheceu sua “prosa poética intensa, que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”, conforme destacou a Academia Sueca.
Nascida em Gwangju, em 1970, Han Kang se mudou para Seul com sua família aos nove anos. Ela começou sua carreira literária publicando poesias, mas foi com romances e contos que conquistou reconhecimento internacional. Formada em literatura pela Universidade Yonsei, em Seul, Han também se dedica às artes plásticas e à música, elementos que muitas vezes influenciam sua escrita.
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Han Kang começou a ganhar destaque internacional com o romance A Vegetariana, lançado na Coreia do Sul em 2007. A obra, que aborda temas como violência, tabu e erotismo, foi traduzida para o inglês e venceu o Man Booker International em 2016, o que consolidou sua fama fora da Coreia. Desde então, ela publicou diversos romances, entre eles Atos Humanos e O Livro Branco, que também foram publicados no Brasil.
Confira abaixo as sinopses:
Publicado originalmente em 2007 e lançado no Brasil em 2018, A Vegetariana conta a história de Yeong-hye, uma mulher que decide parar de comer carne após um sonho perturbador.
" '…Eu tive um sonho', diz Yeonghye, e desse sonho de sangue e escuros bosques nasce uma recusa vista como radical: deixar de comer, cozinhar e servir carne. É o primeiro estágio de um desapego em três atos, um caminho muito particular de transcendência destrutiva que parece infectar todos aqueles que estão próximos da protagonista. A vegetariana conta a história dessa mulher comum que, pela simples decisão de não comer mais carne, transforma uma vida aparentemente sem maiores atrativos em um pesadelo perturbador e transgressivo. Este romance de Han Kang tem sido apontado como um dos livros mais importantes da ficção contemporânea.''
Lançado no Brasil em 2021, Atos Humanos é um romance que retrata o massacre de Gwangju, ocorrido em 1980, no qual centenas de estudantes e civis foram mortos por forças militares durante um protesto pró-democracia. A obra acompanha a busca de um jovem pelo corpo de seu amigo desaparecido, explorando as cicatrizes deixadas por esse episódio brutal na história da Coreia do Sul.
''Em maio de 1980, na cidade sul-coreana Gwangju, o exército reprimiu um levante estudantil, causando milhares de mortes. O evento de trágicas consequências foi transfigurado nesta ficção extraordinária, poética, violenta e repleta de humanidade. Construindo um mosaico de vozes e pontos de vista daqueles que foram afetados, Atos humanos é a demonstração dos poderosos recursos literários de Han Kang, uma das autoras mais importantes da cena contemporânea.''
Em O Livro Branco, publicado no Brasil em 2023, Han Kang oferece uma meditação íntima sobre o luto e a vida. A obra, que mistura prosa poética e reflexões pessoais, é considerada uma das mais pessoais da autora.
''Esta é uma narrativa sobre o luto e a resiliência dos seres humanos ― além de ser o livro mais pessoal de Han Kang até agora. Durante a estada em uma cidade europeia coberta pela densa neve invernal, a narradora é repentinamente tomada pela lembrança de sua irmã, que morreu recém-nascida nos braços da mãe. Ela luta com essa tragédia que definiu a vida da família, um evento que reaparece repetidamente em imagens tomadas por esta cor que evoca o luto em algumas culturas orientais: o branco do leite materno e da fralda, o branco do sal e da neve, o branco da magnólia, a pele branca da bebê como um bolinho de arroz em formato de lua..."
Todo ano, seis Prêmios Nobel são entregues para reconhecer contribuições notáveis em diferentes campos. Os prêmios cobrem medicina, física, química, ciências econômicas, literatura e trabalho pela paz. O prêmio de paz costuma atrair mais atenção por causa da fama de seus indicados, como organizações globais e ativistas.
Os vencedores ganham uma medalha, um diploma e um prêmio em dinheiro no valor de 11 milhões de coroas suecas (cerca de 1,07 milhão de dólares). Além disso, o Nobel garante um lugar de prestígio no cenário literário global.
Em 2023, o Nobel de Literatura foi concedido ao autor norueguês Jon Fosse, conhecido por suas obras que abordam questões existenciais, como amor, fé e morte. Em 2022, a francesa Annie Ernaux venceu por suas obras de autoficção, que exploram temas de gênero, classe e memória.