Beyoncé Bowl

Cowboy Collabs, Blue Ivy e 'Blackbiird': os melhores momentos do 'Beyoncé Bowl'

Convidados especiais e detalhes intrincados da performance trouxeram à vida a história embutida em Cowboy Carter durante o show do intervalo de Natal da NFL de Beyoncé

Por Larisha Paul

Publicado em 28/12/2024, às 15h00
Beyoncé (Alex Slitz/Getty Images)
Beyoncé (Alex Slitz/Getty Images)

Há vinte anos, Beyoncé entrou no NRG Stadium, em Houston, montada em um cavalo palomino. Ela sorria amplamente e acenava para o público de sua cidade natal enquanto era conduzida ao palco para sua primeira apresentação solo no Houston Rodeo. Nesta quarta-feira, ela fez outra entrada a cavalo no estádio — desta vez, não como uma performer do rodeio, mas como a atração principal do show do intervalo do Natal da NFL. Este foi o Beyoncé Bowl.

Beyoncé não esperou que o cavalo branco a conduzisse pelos túneis até o campo para começar a cantar. Não houve sorrisos ou gestos, apenas uma performer incomparável fazendo o que faz de melhor em um nível próprio. Com o microfone já em mãos, ela apresentou ao vivo "16 Carriages", um dos primeiros singles de Cowboy Carter, lançado quando o álbum ainda era referido como Act II. Um verso da música, que não entrou no medley, resume a performance: “Ain’t got time to waste. I got art to make” (“Não tenho tempo a perder. Tenho arte a criar”).

Em cerca de 15 minutos, Beyoncé apresentou quase uma dezena de canções de Cowboy Carter pela primeira vez, além de uma única música da era Renaissance. Alguns convidados especiais — incluindo Blue Ivy, Shaboozey e Post Malone — ajudaram a explorar o universo do álbum no campo. Mas foram os detalhes escondidos na performance que realmente deram vida à história tecida pelo disco.

“Blackbiird” de Beyoncé brilha com quatro estrelas ascendentes do country

“You were only waiting for this moment to arise.” (“Você estava apenas esperando por este momento para surgir.”)O verso de "Blackbird", dos Beatles, foi escrito por Paul McCartney em 1968 como uma observação sobre o anseio coletivo por liberdade durante o movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos. Beyoncé enfatizou esse coletivo ao interpretar sua versão da música, intitulada Blackbiird, ao lado de Tanner Adell, Brittney Spencer, Tiera Kennedy e Reyna Roberts. As estrelas ascendentes do country marcharam ao lado de Beyoncé com roupas totalmente brancas, suas harmonias impecáveis e olhares radiantes. Com Beyoncé esperando explorar um terceiro gênero após Cowboy Carter, o momento pareceu um verdadeiro passar de tocha para abrir caminhos.

Beyoncé declara o NRG Stadium como sua casa

Em 2023, Beyoncé concluiu oficialmente a era Renaissance com o lançamento de um documentário que mostrava os bastidores e a execução da turnê de estádios correspondente. Durante os créditos do filme — lançado exclusivamente nos cinemas —, a música “My House” ecoava pelo ambiente. Quando Beyoncé fez a transição da canção Cowboy Carter “Ya Ya” para “My House”, foi uma surpresa emocionante. A artista nunca comentou sobre o documentário desde seu lançamento, incluindo a música, que não tem data de lançamento nas plataformas digitais, apesar dos pedidos incansáveis dos fãs. O público no NRG Stadium segurando cartazes que soletravam “My House” das arquibancadas rendeu um momento instantaneamente clássico.

Beyoncé Bowl? Também é o Bowl de Blue Ivy

Blue Ivy começou a se apresentar com Beyoncé durante a turnê Renaissance. A música relutou em permitir que sua filha mais velha ocupasse esse espaço como dançarina. Apesar de ser uma saída criativa poderosa, também vem acompanhada de pressões e críticas. Mas Blue Ivy, sendo filha de quem é, fez por merecer. Tudo culminou neste momento, quando ela apareceu em um mar de dançarinos posicionada logo atrás de sua mãe, acertando cada movimento coreografado com fome e comando de uma verdadeira performer. E enquanto Blue Ivy brilhou junto aos outros dançarinos, o privilégio de sua nepotismo rendeu um dos momentos mais doces do set: o do-si-dó entre Bey e Blue durante “Texas Hold ‘Em”. Girando uma em torno da outra, Beyoncé ajustou a letra para brincar: “Swing me in the middle, Blue, I can’t read your mind” (“Me balance no meio, Blue, não consigo ler sua mente”).

Cowboy Carter é uma aula de história e um álbum de mestre

Houve muito movimento durante o show do intervalo de Beyoncé. Plataformas flutuantes, palcos móveis e dezenas de dançarinos ocuparam o campo. Carros atravessaram o gramado enquanto uma banda marcial se apresentava durante “Jolene”, e a câmera cortou para Ja’Dayia Kursh — a primeira rainha de rodeio negra do Arkansas. Também estavam presentes a cowgirl mexicana Melanie Rivera, a lenda do rodeio Myrtis Dightman Jr. — o Jackie Robinson do rodeio —, e Nikki Woodward, Miss Rodeo Texas Princess 2004 e Miss Rodeo Texas 2015. As flores adornando as rodas das carruagens e escadas na plataforma principal do palco remetiam aos carros e vagões cobertos de flores usados nos primeiros desfiles de Juneteenth no Texas, entre 1895 e o início dos anos 1900.

Os colaboradores de Cowboy Carter

Poucos artistas tiveram um 2024 melhor que Shaboozey. Ele começou o ano se apresentando com “A Bar Song” antes mesmo de lançá-la, que se tornou o hit que conhecemos hoje. O set chamou a atenção de um A&R que o colocou no radar de Beyoncé, resultando em participações dele em “Spaghettii” e “Sweet * Honey * Buckiin’” no Cowboy Carter. Ambas as canções foram indicadas ao Grammy 2025 e apareceram no set do intervalo, junto com “Riiverdance”. Shaboozey fez uma aparição impressionante, prendendo a atenção do público mesmo na presença de uma performer tão imponente.

Post Malone foi o próximo convidado, apresentando ao vivo “Levii’s Jeans”. Beyoncé iniciou a música dançando em frente a uma caminhonete coberta de jeans com placas texanas. Post Malone aguardava na caçamba do veículo, vestindo um blazer branco cravejado de brilhos, assim como o dela. A troca de versos entre os dois foi um dos momentos mais carismáticos de todo o set.


Esta matéria é uma tradução. Leia a original na Rolling Stone americana AQUI.