Caso de Luigi Mangione terá documentário dirigido por Alex Gibney sobre o assassinato do CEO da UnitedHealthcare
Produção dirigida por Alex Gibney explorará questões sociais e o impacto do sistema de saúde nos Estados Unidos
Aline Carlin Cordaro (@linecarlin)
Publicado em 16/12/2024, às 17h39
O assassinato de Brian Thompson, CEO da UnitedHealthcare, será tema de um documentário dirigido por Alex Gibney, vencedor do Oscar por Taxi to the Dark Side. A produção é fruto de uma parceria entre a Anonymous Content, responsável por sucessos como Spotlight e O Regresso, e a Jigsaw Productions, de Gibney, conhecido por suas análises profundas e críticas sociais (via Variety).
O crime ocorreu em 4 de dezembro de 2024, no centro de Manhattan, em plena luz do dia. Thompson foi morto a tiros por Luigi Mangione, um jovem de 26 anos formado por uma escola prestigiada de Maryland e graduado em uma universidade da Ivy League. Mangione foi capturado cinco dias depois em um McDonald's na Pensilvânia, portando um manifesto com críticas ao sistema de saúde americano.
A produção do documentário se propõe a investigar “como os assassinos são criados” e o que o caso reflete sobre os valores da sociedade americana, explorando a relação entre desigualdade social, saúde pública e violência. Gibney, que também trabalha em documentários sobre Elon Musk e Salman Rushdie, mergulhará na história de Mangione para contextualizar sua formação, suas motivações e o impacto do crime no debate nacional.
O documentário ainda não tem previsão de estreia.
O crime: um ataque planejado
Na manhã do dia 4 de dezembro, por volta das 6h45, Brian Thompson, 50 anos, foi alvejado enquanto deixava o Hilton Midtown, em Manhattan, onde participaria da conferência anual de investidores da UnitedHealthcare. O suspeito disparou várias vezes, atingindo Thompson nas costas e na perna. A vítima foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos.
Após o ataque, Mangione fugiu do local de bicicleta e foi visto em imagens de câmeras de segurança entrando na Port Authority Bus Terminal. Ele deixou Nova York em um ônibus com destino à Pensilvânia, o que desencadeou uma grande operação de busca que incluiu helicópteros, cães farejadores e varreduras em parques da cidade.
Prisão e itens apreendidos
A prisão de Mangione ocorreu graças à denúncia de um funcionário do McDonald’s, que reconheceu o suspeito das imagens divulgadas pela polícia. Quando detido, ele carregava:
- Uma arma com calibre compatível com o utilizado no crime, fabricada em impressora 3D.
- Um silenciador.
- Um passaporte dos EUA.
- Quatro identidades falsas.
- Um manifesto escrito à mão com críticas ao sistema corporativo de saúde.
O manifesto incluía frases como: “Esses parasitas tiveram o que merecem” e “Eu peço desculpas por qualquer sofrimento causado, mas era necessário.”Ele também afirmava que agiu sozinho: “Não estava trabalhando com ninguém.”
Quem é Luigi Mangione?
Natural de Towson, Maryland, Mangione veio de uma família rica com negócios no setor imobiliário e em emissoras de rádio. Luigi frequentou a Gilman School, onde foi orador da turma. Estudou na Universidade da Pensilvânia (Penn State), obtendo bacharelado e mestrado em Ciência da Computação e Engenharia. Durante seu tempo na universidade, cofundou um clube de desenvolvimento de videogames e foi membro de uma sociedade acadêmica exclusiva para engenheiros de destaque.
Após a graduação, Mangione trabalhou brevemente como engenheiro de dados na TrueCar, uma empresa automotiva. Recentemente, ele vivia em Honolulu, Havaí, onde se hospedava em uma comunidade de trabalhadores remotos.
Apesar de seu histórico acadêmico impecável, Mangione sofria de dores crônicas nas costas devido a um desalinhamento espinhal, o que o levou a uma cirurgia de fusão espinhal em 2023. Amigos relataram que ele desapareceu nos últimos seis meses, e cortou contato com conhecidos e familiares.
Influência do Unabomber e manifesto
Mangione demonstrava admiração pelo manifesto de Ted Kaczynski, o “Unabomber”, em postagens online. Ele criticava o capitalismo, a tecnologia moderna e o impacto das empresas de saúde, que acusava de colocar lucros acima do bem-estar humano.
Seu manifesto, encontrado no momento da prisão, ecoava essas ideologias e parecia justificar o assassinato de Thompson como um “desafio simbólico” ao sistema corporativo. Balas encontradas na cena do crime tinham palavras gravadas como “negar” e “depor”, uma possível referência a práticas de seguradoras de saúde para evitar pagamentos de sinistros.
A vítima: Brian Thompson
Brian Thompson liderava a UnitedHealthcare, maior fornecedora de planos de saúde do programa Medicare privado nos EUA. Com 20 anos de carreira no grupo, ele dirigia a divisão de seguros desde 2021, que atende mais de 49 milhões de americanos. Thompson estava em Nova York para a conferência anual de investidores da empresa, que foi cancelada após sua morte.