Marianne Faithfull e Mick Jagger: amor, polêmicas e reencontro após décadas

O romance entre Marianne Faithfull e Mick Jagger marcou os anos 1960, e foi um dos relacionamentos mais icônicos da cultura pop. Com uma história de amor, traições e desafios, a relação dos dois influenciou algumas das maiores músicas dos Rolling Stones e ajudou a definir a estética do Swinging London. A morte de Marianne, anunciada nesta quinta-feira (30), reacendeu o interesse por sua trajetória e pelos momentos que viveu ao lado do vocalista da banda.

O início do romance e o impacto na música dos Rolling Stones

Marianne Faithfull ganhou notoriedade como cantora em 1964, quando lançou 'As Tears Go By', uma canção escrita por Mick Jagger, Keith Richards e Andrew Loog Oldham especialmente para ela. O single alcançou grande sucesso, chegando ao Top 10 das paradas britânicas e irlandesas, consolidando sua carreira na música. Mais tarde, os Rolling Stones gravaram sua própria versão da faixa. Dois anos depois, já reconhecida no cenário musical, ela iniciou um relacionamento com Mick Jagger, marcando o início de um dos romances mais emblemáticos da cultura pop dos anos 1960.

Durante os quatro anos que passaram juntos, ela se tornou uma das maiores musas dos Rolling Stones, influenciando diretamente algumas das músicas mais icônicas da banda. "Sympathy for the Devil", lançada em 1968, foi inspirada no livro O Mestre e Margarida, que ela deu de presente a Mick. "You Can’t Always Get What You Want" também teria sido escrita com Marianne em mente, assim como "Wild Horses" e "Sister Morphine", esta última coescrita por ela – embora não tenha recebido crédito na época devido ao seu estado de vulnerabilidade e dependência química. Seu nome só foi incluído oficialmente nos anos 1990.

Escândalo

Em 1967, o casal foi envolvido em um dos maiores escândalos da época: a batida policial na casa de Keith Richards, em Sussex. Marianne foi encontrada no local, enrolada em uma pele de animal, e os tabloides britânicos não pouparam a cantora, sugerindo histórias sensacionalistas que prejudicaram sua imagem. Mais tarde, Marianne declarou à revista Q que o episódio a marcou profundamente:

Isso destruiu nosso relacionamento, e quatro anos depois eu estava morando na rua como uma viciada em drogas.

Além disso, o romance foi abalado por uma suposta traição. Marianne teria descoberto que Mick dormiu com Anita Pallenberg, que era companheira de Keith Richards na época. Como vingança, a própria Marianne e Keith se envolveram. Anos depois, ela admitiu em entrevista ao Daily Mail:

Foi apenas uma noite, mas foi memorável porque ficou só nisso.

O fim do relacionamento e a luta contra as drogas

O término veio em 1970, um período turbulento para Marianne. Em 1968, ela sofreu um aborto espontâneo aos sete meses de gravidez, perdendo a filha que planejava chamar de Corinna. O trauma, associado ao desgaste da relação e ao envolvimento com drogas, a levou a um quadro depressivo severo, culminando em uma tentativa de suicídio.

Após o fim do relacionamento com Jagger, Marianne viveu dois anos nas ruas de Soho, lutando contra a heroína e a anorexia. A reviravolta veio apenas no final da década de 1970, quando lançou "Broken English" (1979), um dos álbuns mais aclamados de sua carreira.

O reencontro inesperado com Mick Jagger

Apesar do término difícil, Marianne e Mick se reencontraram em 2007, quando a cantora enfrentava um câncer de mama. Em uma entrevista na época, ela revelou que o vocalista entrou em contato com ela depois de 35 anos sem se falarem.

Ele nunca havia me ligado nesse tempo todo, e agora estava ali, garantindo que eu estava bem. Ele me ama, e eu o amo. O fato de nosso relacionamento ter terminado em 1970 não muda isso.

A morte de Marianne foi confirmada nesta quinta-feira (30), através de um comunicado oficial:

É com profunda tristeza que anunciamos o falecimento da cantora, compositora e atriz Marianne Faithfull. Marianne faleceu pacificamente em Londres, na companhia de sua família amorosa. Ela fará muita falta.