Longa-metragem está indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional e estreia nos cinemas em 2 de março
Do belga Lukas Dhont, diretor e escritor, não é grande surpresa que CLOSE esteja concorrendo ao Oscar de Melhor Filme Internacional, após ter vencido o prêmio Grand Prix no último Festival de Cannes. É o segundo de sua filmografia a receber destaque na premiação; Dhont recebeu Palma de Ouro em 2018 por Girl.
No longa, dois amigos extremamente próximos têm sua amizade interrompida. Anterior ao momento que separa os dois, é discutida a relação por meio de temas como sexualidade, masculinidade e infância – já que eles aparentam estar por volta da pré-adolescência.
Aquilo que era simplesmente “conviver”, agora tem a necessidade de ser atribuído a um rótulo. Os meninos Rémi e Léo vivem grudados, dormem juntos, comem um com a família do outro e parecem inseparáveis – até o simples “conviver” da infância não ser mais suficiente, e os meninos terem de responder se são irmãos ou um casal (o que também traz outras consequências de tratamento como homofobia, exclusão e inimizades).
A direção de Lukas é trabalhada no silêncio. Cada tomada leva seu tempo, com uma montagem lenta que nos possibilita apreciar os ótimos atores – destaque para Éden Dambrine (Léo) e Gustav De Waele (Rémi) –, além de sua fotografia cheia de personalidade, pois não há planos abertos e, sim, “closes”, que nos fazem sentir aconchegados (mas sufocados também).
É satisfatório, também, prestar atenção na direção de arte. Por meio dos figurinos sempre avermelhados de Rémi, passamos a associar a cor ao personagem, que parece presente em cenas em que não está, por exemplo, no vermelho das rosas, das paredes e dos reflexos em contraste com o branco de Léo.
O vermelho de Rémi nos lembra de amor, mas também do sangue que o acompanha. Quando o tom avermelhado some, quase como um queijo com goiabada, um pouco do gosto desaparece junto.
Por Antonio Carqueijó
Cursa Cinema na FAAP/SP, além de ser um apaixonado pelo universo Marvel