CURIOSIDADE

A franquia ‘It’ se esqueceu do que torna Pennywise assustador

Entenda como a franquia se distanciou da tensão de ‘It: A Coisa’ e se tornou refém de efeitos visuais que causam indiferença no público

Giulia Cardoso (@agiuliacardoso)

A franquia 'It' se esqueceu do que torna Pennywise assustador
A franquia 'It' se esqueceu do que torna Pennywise assustador - Crédito: reprodução

O sucesso estrondoso de It: A Coisa (2017) veio de sua habilidade em equilibrar terror visceral e construção de suspense. No entanto, a franquia parece ter se esquecido dessa lição, repetindo o que é considerado o erro fatal de It: Capítulo Dois: a sobrecarga de efeitos visuais fracos que sabotam o medo. A nova série prequel, It: Bem-Vindos a Derry, corre o risco de descaracterizar a ameaça de Pennywise.

O problema se manifestou de forma gritante no episódio 3, durante a cena clímax da perseguição no cemitério. O momento, que era crucial para a tensão, foi minado por um CGI que muitos fãs compararam a um quadro visual de Scooby-Doo. A fragilidade dos efeitos visuais — desde os espíritos flutuantes até a cena de bicicleta em tela verde — quebrou a suspensão de descrença, sendo a evidência mais transparente de possíveis restrições orçamentárias da série de TV.

O CGI, por si só, não é o problema. A cena do projetor em It: A Coisa é lembrada até hoje porque o terror foi construído pelo suspense (o piscar da luz, a distorção lenta da imagem). O efeito funcionou porque a tensão já havia feito o trabalho pesado. Já em Capítulo Dois, a dependência de efeitos de má qualidade (como o Stan com cabeça de aranha ou o monstro Paul Bunyan) e o tom excessivamente cômico distanciaram o filme da intensidade original.

A sensação é que, entre os filmes e a série, foi tomada uma decisão para “sanitizar” a franquia e torná-la mais acessível a um público mais amplo. Essa mudança de tom, contudo, é notável e se transferiu para Bem-Vindos a Derry. Ao invés de ser uma ameaça visceral e imprevisível, a entidade pode se tornar uma figura da qual o público ri. Se a série continuar repetindo esse padrão, ela falhará em criar momentos que causem o mesmo pavor que a cena do projetor causou anos atrás.

FONTE: SCREENRANT

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Jornalista em formação pela Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, Giulia Cardoso começou em 2020 como voluntária em portais de cinema. Já foi estagiária na Perifacon e agora trabalha no núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo.
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