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A ÚNICA resposta que ‘It: Bem-Vindos a Derry’ não deu para os fãs

Série revela pais de protagonistas dos filmes, mas mantém o maior mistério de 1962 sem solução

Giulia Cardoso (@agiuliacardoso)

A ÚNICA resposta que 'It: Bem-Vindos a Derry' não deu para os fãs
A ÚNICA resposta que 'It: Bem-Vindos a Derry' não deu para os fãs - Crédito: Reprodução

O final da primeira temporada de It: Bem-Vindos a Derry foi um banquete de revelações para os fãs de Stephen King. Em um encerramento marcado por horror visceral e conexões diretas com os filmes de Andy Muschietti, a série amarrou pontas soltas que ligam o passado de 1962 ao futuro de 1989. Sabemos agora, sem sombra de dúvidas, que Marge carregará em seu ventre o futuro piadista Richie Tozier e que a sobrevivência de Will garante a existência do bibliotecário Mike Hanlon.

No entanto, em meio a profecias cumpridas e linhagens confirmadas, uma interrogação permanece gritante: qual é o destino de Lily e como (ou se) ela se conecta ao Clube dos Perdedores do futuro? Esta foi a única grande resposta que a série optou por não entregar de bandeja, gerando um debate acalorado que parece ter sido desenhado propositalmente pelos showrunners Jason Fuchs e Brad Caleb Kane.

O silêncio sobre a linhagem de Lily

Enquanto Pennywise (Bill Skarsgård) provoca Marge explicitamente sobre seu futuro filho, o palhaço não oferece a mesma clareza profética para Lily. Ao final do último episódio, Lily sobrevive ao confronto no gelo e termina a temporada visitando o túmulo de seu pai, buscando um encerramento para seu luto.

Diferente de seus colegas, cujo DNA narrativo está agora irrevogavelmente ligado aos heróis dos filmes, Lily termina como uma “peça solta”. Isso deixou os fãs com duas teorias principais, nenhuma das quais foi oficializada pela HBO ou pelos criadores até o momento.

Teoria A: A mãe de Beverly Marsh?

A teoria mais popular (e trágica) é a de que Lily crescerá para se tornar Elfrida Marsh, a mãe de Beverly Marsh.

  • A Evidência: Nos filmes e no livro, a mãe de Bev é uma figura ausente ou passiva, que sofre com problemas mentais e eventualmente morre (em algumas versões, suicídio; em outras, doença), deixando Bev sozinha com seu pai abusivo, Alvin.

  • A Conexão: Dado o trauma severo que Lily sofreu e sua proximidade com a loucura de Derry, muitos acreditam que ela pode acabar internada em Juniper Hill (o asilo psiquiátrico mencionado na série e nos livros), conectando-se ao destino trágico da Sra. Marsh. O epílogo da série, que mostra uma jovem Beverly Marsh encontrando sua mãe morta no asilo (com a presença da versão idosa de Ingrid Kersh no local), reforça essa possibilidade, mas a série não nomeia a mãe morta como “Lily”.

Teoria B: A sobrevivente esquecida

A segunda possibilidade é que Lily seja uma anomalia no cânone: uma sobrevivente que simplesmente escapou. Ao contrário de Marge e Will, que precisam permanecer em Derry (ou ter filhos que retornem) para que a roda do destino gire, Lily pode representar aqueles que conseguem romper o ciclo. Se ela não é mãe de nenhum “Perdedor”, seu destino é uma tela em branco — o que, no universo de King, pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição.

Por que a resposta não veio?

A decisão de não cravar o futuro de Lily contrasta com a confirmação pesada sobre Richie Tozier. Isso sugere que os criadores podem estar guardando esse trunfo para as próximas temporadas. Com a confirmação de que a série explorará outras eras (como os anos 30), a história de Lily adulta pode ser contada de forma não-linear ou revelada como um plot twist devastador no futuro.

Por enquanto, Lily permanece como o último grande mistério de 1962. Ela é a mãe de um herói, uma paciente esquecida em Juniper Hill, ou a única que realmente venceu Pennywise ao desaparecer da história?

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Jornalista em formação pela Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, Giulia Cardoso começou em 2020 como voluntária em portais de cinema. Já foi estagiária na Perifacon e agora trabalha no núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo.
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