‘Boots’, série classificada como ‘lixo woke’ pelo Pentágono, é cancelada pela Netflix
Apesar da recepção positiva da crítica e os altos índices de audiência, a plataforma de streaming decidiu não seguir com a série
Henrique Nascimento (@hc_nascimento)
A Netflix decidiu cancelar Boots, drama militar sobre um adolescente gay que se alista nos fuzileiros navais dos Estados Unidos nos anos 1990, após uma única temporada. De acordo com o Deadline, até a tomada da decisão, a plataforma de streaming mantinha conversas para dar continuidade na série, enquanto analisava dados de audiência. Lançada em outubro deste ano, a produção teve cerca de 9,4 milhões de visualizações em sua primeira semana e, após uma “propaganda” inusitada do governo norte-americano, dobrou esse número.
Boots, inspirada nas memórias de Greg Cope White, The Pink Marine (O Marinheiro Rosa, em tradução livre), acompanha a jornada de autodescoberta e resistência de um jovem que precisa esconder sua sexualidade em meio ao rígido ambiente militar da época do “Don’t Ask, Don’t Tell”.
Em comunicado divulgado à revista Entertainment Weekly logo após o lançamento do programa, o porta-voz do Pentágono, Kingsley Wilson, classificou Boots como “lixo woke”, acusando a Netflix de “alimentar uma agenda ideológica”. Ele ainda acrescentou que a plataforma de streaming “ insiste em comprometer esses valores ao promover lixo progressista para seu público e para as crianças”.
Por fim, Wilson afirmou que “sob o presidente [Donald] Trump e o secretário [Pete] Hegseth, o Exército dos Estados Unidos está restaurando o ethos guerreiro. Nossos padrões são de elite e neutros em relação a gênero ou orientação sexual, porque o peso de uma mochila não se importa se você é homem, mulher, gay ou hétero”.
Apesar de intencionar o contrário, a polêmica acabou transformando Boots em um dos maiores sucessos da plataforma de streaming, levando-a ao sexto lugar entre as produções mais assistidas globalmente. A crítica especializada também reagiu positivamente: o The Guardian chamou a série de “incrivelmente poderosa”, enquanto o The Hollywood Reporter destacou que a obra “critica as políticas anti-gays do Exército dos anos 1990, mas ainda assim mostra respeito pela camaradagem militar”.
O ator Miles Heizer, abertamente gay, afirmou que o tema do seriado acabou se tornando mais atual do que o previsto. “Quando começamos a filmar em 2023, não imaginávamos que seria tão relevante para o que está acontecendo hoje. É curioso — e triste — ver Boots dialogar tanto com o presente, mesmo ambientado em 1990”, disse.
FONTES: Deadline / Entertainment Weekly
LEIA TAMBÉM: Avatar: Fogo e Cinzas acerta com nova ameaça, mas já não causa o mesmo impacto dos capítulos anteriores