CRÍTICA

Cassandra: Quando a verdadeira assombração não é a tecnologia

Mesmo tropeçando em clichês do terror, a minissérie alemã da Netflix se destaca ao transformar o machismo no verdadeiro vilão da história

Giulia Cardoso (@agiuliacardoso)

Publicado em 05/03/2025, às 13h13
Cassandra: Quando a verdadeira assombração não é a tecnologia - Reprodução
Cassandra: Quando a verdadeira assombração não é a tecnologia - Reprodução

Em pleno 2025, é difícil viver sem tecnologia. Já é comum pesquisar no Google uma música que você não conhece e perguntar para inteligências artificiais, por exemplo, do que é feito Tofu? (soja, sal e nigari, aliás). 

Nesse cenário, a minissérie Cassandra, que retrata uma casa inteligente controlada por uma assistente virtual, veio para discutir sobre privacidade, imortalidade e machismo.

A série tenta destrinchar, ao longo de seis episódios, os conflitos de uma família que tenta se curar de uma perda traumatizante, mudando-se para uma casa diferente. A execução que se torna falha quando o espectador percebe uma repetição de clichês presentes no gênero suspense/terror.

Aqui temos de tudo: o marido que não acredita na assombração até perder um dedo (literalmente); a esposa descobrindo todo plano da assombração e sendo taxada de doida; o marido que trai a mulher (por ela ser boazinha demais) e a criança que é amiga da assombração. Certos episódios são tão previsíveis que, mesmo em alemão, seria possível repetir facilmente os diálogos dos personagens.

Mas, não é só de erros que Cassandra é feita. Na verdade, assim como o robô, há momentos em que a série se propõe a falar de temas relevantes, com uma abordagem sensível. 

Críticas ao machismo são as que mais gritam. Os patriarcas das famílias principais, aparecem como figuras negligentes, ignorantes e passivas diante de horrores que suas parceiras expõem. Ou seja, o vilão da história (spoiler!) não é a tecnologia ou a inteligência artificial - e isso é sensacional. Os homens aqui representados são odiáveis e pouco desenvolvidos, dando à série um diferencial muito delicioso.

Com esse trunfo de roteiro, poucos episódios e aspectos técnicos bem feitos, é fácil entender o motivo da minissérie estar tanto tempo no Top 10 da Netflix.

Especial de cinema da Rolling Stone Brasil

O cinema é tema do novo especial impresso da Rolling Stone Brasil. Em uma revista dedicada aos amantes da sétima arte, entrevistamos Francis Ford Coppola, que chega aos 85 anos em meio ao lançamento de seu novo filme, Megalópolis, empreitada ousada e milionária financiada por ele próprio.

Inabalável diante das reações controversas à novidade, que demorou cerca de 40 anos para sair do papel, o cineasta defende a ousadia de ser criativo da indústria do cinema e abre, em bom português, a influência do Brasil em seu novo filme: “Alegria”.

O especial ainda traz conversas com Walter Salles, Fernanda Torres e Selton Mello sobre Ainda Estou Aqui, um bate-papo sobre trilhas sonoras com o maestro João Carlos Martins, uma lista exclusiva com os 100 melhores filmes da história (50 nacionais, 50 internacionais), outra lista com as 101 maiores trilhas da história do cinema, um esquenta para o Oscar 2025 e o radar de lançamentos de Globoplay, Globo Filmes, O2 Play e O2 Filmes para os próximos meses.

O especial de cinema da Rolling Stone Brasil já está nas bancas de jornal, mas também pode ser comprado na loja da editora Perfil por R$ 29,90. Confira:

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