CRÍTICA RS

‘Ghost of Yōtei’ conta uma boa história de vingança, mas tropeça com repetições

Jogo de videogame desenvolvido pela Sucker Punch Productions será lançado para PlayStation 5 em 2 de outubro de 2025

Felipe Grutter (@felipegrutter)

Ghost of Yōtei (Foto: Reprodução/Sucker Punch Productions - Sony Interactive Entertainment)
Ghost of Yōtei (Foto: Reprodução/Sucker Punch Productions - Sony Interactive Entertainment)

Um incêndio consome uma enorme árvore logo na abertura de Ghost of Yōtei (2025), novo jogo da Sucker Punch Productions. Em meio às chamas, vemos a pequena Atsu, em choque, chorando diante da família assassinada. Em seguida, surgem os responsáveis: um grupo de homens — a maioria mascarada — conhecido como Seis de Yōtei, liderado por Saito. De alguma forma, Atsu sobrevive e, a partir daí, abandona a própria humanidade para se tornar quase um onryō, espírito vingativo do folclore japonês.

Antes que você pergunte: “Preciso jogar Ghost of Tsushima (2020) antes de Ghost of Yōtei?”, te respondo que não. O novo título se passa 300 anos depois do primeiro, com personagens inéditos e mecânicas de gameplay reintroduzidas.

A vingança de Atsu, fio condutor da narrativa publicada pela Sony Interactive Entertainment, não é exatamente original — afinal, trata-se de um tema recorrente em games, filmes, séries e livros. O que torna Ghost of Yōtei especial é o universo que constrói em Ezo, no norte do Japão, para onde a protagonista retorna 16 anos após a tragédia.

Agora adulta, Atsu é fria e sem outro propósito além da vingança. Esse tom sombrio contrasta com as paisagens vibrantes e os climas variados de Ezo, que tornam a experiência fascinante: campos floridos com cavalos selvagens, nevascas intensas no extremo norte do mapa e uma trilha sonora envolvente que amplia a imersão.

Uma das belas paisagens de Ghost of Yōtei (Foto ReproduçãoSucker Punch Productions - Sony Interactive Entertainment)
Uma das belas paisagens de Ghost of Yōtei (Foto: Reprodução/Sucker Punch Productions – Sony Interactive Entertainment)

Durante as minhas primeiras 20 horas de jogo, a gameplay nunca pareceu cansativa. Sempre havia algo acontecendo no trajeto entre um ponto e outro: ataques de NPCs (sigla para personagens não jogáveis), acampamentos inimigos escondidos, pedidos de ajuda, comerciantes oferecendo mercadorias ou até uma partida (e um tutorial) do jogo tradicional zeni hajiki.

O mundo aberto é de fato rico, mesmo com vastas áreas sem muitas civilizações. Há ainda flashbacks na casa de Atsu, em que voltamos à infância para aprender novas mecânicas e descobrir mais sobre o passado da protagonista.

Os problemas de Yōtei

Com os ambientes e as cutscenes no ponto, Ghost of Yōtei não consegue ter o mesmo impacto em outros aspectos visuais e técnicos, como nas expressões faciais em diálogos de missões secundárias e com NPCs. Porém, faço uma exceção: nas cutscenes belíssimas e cinematográficas, que homenageiam mestres como Akira Kurosawa, Takashi Miike e Shinichirō Watanabe, os desenvolvedores conseguiram retratar com precisão as reações e emoções dos personagens, incluindo sujeira no corpo, lágrimas, sangue e machucados bem detalhados.

Outro ponto fraco é a variedade limitada de inimigos e armas. Mesmo que as missões ofereçam “mini tutoriais” para enfrentar cada integrante dos Seis de Yōtei, quando chega a hora de encarar os chefes, a surpresa já se perdeu: você sabe o que esperar e como reagir.

Ghost of Yōtei (Foto ReproduçãoSucker Punch Productions - Sony Interactive Entertainment)
Combate em Ghost of Yōtei (Foto: Reprodução/Sucker Punch Productions – Sony Interactive Entertainment)

Customização e progressão de Atsu

Existe uma grande variedade de customização para Atsu, que vai desde elmos (bandanas, faixas, chapéus, elmos) e máscaras até armaduras — que podem ser aprimoradas e ter a cor alterada —, além de shamisen e até a sela de seu cavalo. Cada um tem um atributo diferente, que pode te ajudar em situações específicas, como frio, combates furtivos, pontaria do arco e flecha, golpes em sequência com alguma arma, etc.

Apesar da baixa variedade de inimigos e das repetições nas batalhas que antecedem os chefões, você vai adquirindo e dominando outras armas para a protagonista usar. Com elas, é possível pensar em diferentes estratégias de combate e contornar katanas, kusarigamas, lanças e escudos — e é divertidíssimo.

Vale a pena?

Assim como seu antecessor, Ghost of Yōtei promete longa vida com apoio da campanha principal e um modo online que será acrescentado (de forma gratuita) posteriormente. Ela cumpre bem o papel de apresentar as belezas e desgraças de Ezo, combinando um mundo aberto esteticamente deslumbrante com uma jogabilidade sólida — ainda que não revolucionária.

O lançamento oficial está marcado para 2 de outubro de 2025, exclusivamente para PlayStation 5. Não há previsão de chegada a outras plataformas.

*Gameplay realizada em um PlayStation 5 Slim.

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Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, gosta de ver filmes e séries e ficar com as duas calopsitas de estimação no tempo livre. Na carreira, tem passagem por Rádio Gazeta AM, Exitoína, CineBuzz e Showmetech.
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