Guillermo del Toro detona artes feitas por Inteligência Artificial: 'Insulto'

Sobre Inteligência Artificial, Guillermo del Toro foi direto: 'Não estou interessado em uma ilustração feita por máquinas e a extrapolação de informações'

Redação

Publicado em 14/12/2022, às 11h30
Guillermo del Toro (Foto: Theo Wargo / Getty Images)
Guillermo del Toro (Foto: Theo Wargo / Getty Images)

Um dos principais cineastas da atualidade e vencedor do Oscar 2018 de Melhor Diretor, Guillermo del Toro detonou artes feitas por Inteligência Artificial (IA) e explicou como as considera um "insulto." Com Mark Gustafson, ele lançou Pinóquio, animação em stop motion, na Netflix em 24 de novembro de 2022.

Durante entrevista ao Decider para falar sobre Pinóquio, del Toro explicou como a produção foi um processo meticuloso e delicado com bonecos intrincados com pele de silicone móvel. Então, o entrevistador comentou como algumas pessoas "cortam caminhos" ao gerar imagens em IA, com plataformas como DALL-E e Midjourney.

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"Acho que a arte é uma expressão da alma. Na melhor das hipóteses, ela abrange tudo o que você é," respondeu o cineasta. "Portanto, eu consumo e amo arte feita por humanos. Estou completamente comovido com isso. Não estou interessado em uma ilustração feita por máquinas e a extrapolação de informações."

Eu acho que, como diz [Hayao] Miyazaki, 'um insulto à própria vida.'

Essa frase de Miyazaki, animador e co-fundador do Studio Ghibli, aconteceu, originalmente, no documentário Never-Ending Man: Hayao Miyazaki (2016). O também diretor foi responsável por desenhos aclamados como Meu Amigo Totoro (1988), Princesa Mononoke (1997), A Viagem de Chihiro (2001) e O Castelo Animado (2004).

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Na produção, o artista relembrou o momento no qual viu uma animação gerada por IA de uma criatura parecida com um zumbi. Miyazaki explicou como a representação da dor era totalmente falsa e que os humanos estavam "perdendo a fé em nós mesmos" ao comparar a arte humana com Inteligência Artificial.


Guillermo del Toro questiona estreias no streaming e cinemas: 'Não é sustentável'

Guillermo del Toro, diretor de A Forma da Água(2017) e Pinóquio, comentou estratégias de lançamentos de filmes desenvolvidas após a pandemia. Para o cineasta, modelo antigo é insustentável, mas produtoras não encontraram caminho certo até o momento.

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O diretor está em Cannes, na França, e explicou ponto de vista ao Indiewire ao lado de outros grandes nomes: Michel Hazanavicius, Paolo Sorrentino, Robin Campillo e Gaspar Noe. Para ele, ausência de mídia física afeta conservação da memória: "Atualmente, perdemos os filmes mais rápido do que nunca. Parece que não, mas o mero desaparecimento da mídia física faz com que as companhias escolham o que iremos assistir."

"O futuro não pertence a nós. Então, nossa tarefa não é para nós, mas para o futuro, para as pessoas que virão depois," completou. Embora, questione a mídia digital, cineasta não criticou serviços de streaming e agradeceu Netflix por acreditar na versão dele de Pinóquio, que deve estrear em dezembro de 2022.

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"Há muitas respostas sobre o futuro. O que temos agora não é sustentável. De várias formas, o que temos pertence a uma estrutura antiga. A mudança é muito profunda. Estamos descobrindo que não apenas o formato de entrega está mudando, é a relação com a audiência," argumentou."

Seguramos como está, ou procuramos e nos aventuramos?