Com Mano Brown no comando, o podcast Mano a Mano tem 16 episódios com diferentes entrevistados: de Karol Conká a Drauzio Varella
Durante a pandemia, quando Mano Brown viu a fragilidade psicológica de diversas pessoas, o rapper pensou “não posso pirar”, e foi se dedicar aos estudos de teologia, arqueologia, filosofia, ciência e outros temas relacionados a África. Dessa pesquisa, e da vontade de contar suas descobertas aos outros, nasceu Mano a Mano, podcast original do Spotify que estreou nesta quinta, 26 de agosto.
No projeto, Mano Brown ocupa o papel de anfitrião, entrevistando diversas personalidades conhecidas em variadas áreas: do médico Drauzio Varella ao polêmico político Fernando Holiday e o técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo. O primeiro episódio conta com uma conversa inédita entre o músico e Karol Conká, MC que reflete sobre cancelamento após a passagem pelo reality show Big Brother Brasil.
Mano Brown, que alcançou notoriedade internacional com os Racionais e o projeto Boogie Naipe, agora explora as habilidades comunicacionais. Afinal, o músico nunca teve problema em se posicionar e dialogar importantes debates dentro e fora da arte.
Em coletiva de imprensa realizada na terça, 24, Brown comentou que o podcast Mano a Mano, com um total de 16 episódios lançados toda quinta-feira, trata-se de “sair do conforto”, assim como oferecer entretenimento, mesmo que ainda seja um espaço de “falar coisas sérias”:
"No Brasil, a informação é negada, principalmente, para o povo afro. A ideia é apresentar conteúdos úteis que nem sempre chegam nas pessoas. É entretenimento, mas também vamos levar informação," explicou.
O rapper estudou como se comportar como entrevistador e abordar os convidados, assistindo diversas entrevistas. Como anfitrião de Mano a Mano, o artista entende que o podcast é uma plataforma “para ouvir e ser ouvido” — um diálogo com pessoas cujas ideologias não necessariamente são alinhadas às dele.
"Há temas que não tem como se acovardar, tenho meu jeito de pensar, mas também não estou fechado a entendimentos novos. Não sou um cara de pensamentos concretizados, estamos sempre em transformação e aprendendo(...) É um diálogo, não vou ser neutro porque tem alguém com uma visão contrária à minha, mas não estou fechado para novas ideias e debates", afirmou.
Brown, que se enxerga como um “contador de histórias nato”, acredita que o formato de podcast, apenas com o áudio, potencializa os assuntos. Segundo o rapper, “a palavra ganha força quando só tem o áudio”.
Ao comparar o podcast com um clipe, Mano Brown explicou que o vídeo foca em uma interpretação da canção, mas há várias perspectivas possíveis: “Sem o clipe, a música continua com mil versões, as pessoas veem de ângulos diferentes. Quando você faz um clipe, direciona a pessoa a pensar o que você pensa. Essa é a importância do áudio, não há distrações.”
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À pergunta da Rolling Stone Brasil, Mano Brown afirmou que a revolução está na prática: “Você pode fazer vinte discos tentando passar a visão, ser a liderança… mas você tem que ser útil, na prática. Existe uma distância entre o que você prega e o que consegue viver.”
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Com produção majoritariamente negra, o podcast é um espaço para Mano Brown botar em prática e refletir sobre os próprios estudos a respeito da filosofia, culturas e inteligências negras — por ele sempre valorizadas.
“Eu vejo uma ascensão de uma classe artista negra altamente politizada, é surpreendente até. Eles vão fazer a diferença no Brasil,” relatou o cantor. Ao refletir sobre a função do podcast, Brown explicou:
“Eu como MC, compositor, sempre expus opiniões e direcionei aqueles momentos de trevas, onde a raça era sufocada, não tinha espaço. Não víamos a raça em lugar nenhum, só nas páginas policiais, da pior forma. Mas vivemos um momento diferente de inteligências negras que estão conseguindo driblar essa asfixia, essa prisão e pressão que há em cima dos nossos pensadores.”
Diante desse entendimento acerca dos pensadores negros, Brown tem muito a questionar em seu podcast — assim como fora dele: “Onde estão os negros da Bíblia? Aonde que a filosofia da bíblia foi buscar aquelas informações? Foi na África? Por que ninguém fala? Por onde andou Jesus dos dois aos 32? Ele estava na Etiópia, na África?”
Afinal, Mano Brown quer promover diálogo, assim como fazer parte de uma conversa que discuta temas atuais e dos mais diversos: de futebol à religião. “Meu desejo é que faça sucesso, e seja útil para acrescentar às pessoas, na prática.”
Mano a Mano, podcast original Spotify em conjunto com as produtoras MugShot e Boogie Naipe, e co-direção criativa da Agência GANA, estreou nesta quinta, 26, em uma conversa com Karol Conká. Serão, ao todo, 16 episódios lançados toda quinta-feira com Mano Brown como anfitrião.
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