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Entretenimento / Artistas

Por que homens sofrem muito com o machismo, segundo Leo Jaime

Músico discutiu sexo e relacionamentos com frequência ao longo da carreira, lançando até mesmo um livro que busca desvendar a “cabeça do homem”

Igor Miranda
por Igor Miranda

Publicado em 21/06/2024, às 19h00

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Léo Jaime (Foto: Uploads)
Léo Jaime (Foto: Uploads)

A carreira de Léo Jaime está intimamente ligada à discussão sobre sexo. Além das canções a respeito da temática, o músico participou por anos do programa Amor & Sexo (TV Globo), abordou o assunto em entrevistas, lançou um livro sobre relacionamentos — Cabeça de Homem — e até mesmo foi apresentador do Prêmio Sexy Hot, em 2016, entre outras situações notórias.

A experiência adquirida pela vida e pelos trabalhos faz com que ele chegue a uma conclusão curiosa sobre um tema amplamente discutido nos últimos anos: o machismo. Em entrevista a Gabriel Zorzetto para o jornal O Estado de S. Paulo, Jaime disse entender que o homem também sofre com o machismo, visto que se trata de uma “estrutura patriarcal da sociedade que oprime todo mundo”.

Ao ser perguntado sobre o que as mulheres precisam saber a respeito da mente masculina, ele explica, inicialmente:

“O homem sofre muito com o machismo. A ideia que se tem, olhando de fora, é que o machismo é um privilégio masculino que oprime só as mulheres, mas é uma estrutura patriarcal de sociedade que oprime todo mundo. Eu diria que a espinha dorsal do machismo é que o homem não chora. O homem pensa no próprio prazer como uma coisa de ‘acertei ou errei’. A conversa entre dois homens sobre questionamentos amorosos, sexuais, é muito rara.”

Na opinião do artista, homens têm “que aprender muito com as mulheres”. O motivo está na forma como cada um lida com seus problemas.

“Elas vêm lidando com as suas próprias angústias há muito tempo. Aí, a primeira vez de um homem é ‘vai lá e resolve’. Não, é importantíssimo falar sobre isso. Nós, homens, precisamos fazer contato com a nossa sensibilidade. E isso significa, em algum momento, encarar as próprias fragilidades. E homem nenhum quer parecer frágil. Pelo contrário, os homens querem ir para a academia e intimidar todo mundo. É uma coisa primitiva, né? Fragilidade é uma coisa, fraqueza é outra. Acho, inclusive, que você querer intimidar todo mundo pode ser uma fraqueza.”
Léo Jaime - Divulgação

Nada de “desconstruidão”

Ainda durante a entrevista, Léo Jaime garantiu não ter interesse em “vender uma solução do homem desconstruído”. A ideia é evoluir, no fim das contas.

“Acho que temos que nos perguntar como podemos criar um mundo que seja gostoso para todos. Enfim, é uma discussão que as mulheres vêm tendo há muito tempo e que os homens estão um pouco atrasados nela.”

Ignorar tais questões resulta em problemas sociais evidentes, de acordo com Jaime. O músico pontua que o Brasil “está sempre na liderança dos feminicídios, estupros, crimes contra gays”. E conclui:

“Quando escrevi esse livro (Cabeça de Homem), a ideia era chamar os homens para uma conversa, mas percebi que as mulheres ficaram muito mais interessadas, porque elas querem entender a cabeça do homem. O homem é que não quer entender a cabeça do homem.”