Segundo a pesquisadora Susanne Meyer-Büser, a obra "New York City I", de Piet Mondrian, vem sendo exibida de forma errada desde 1945
Em 1945, o quadro "New York City I", do holandês Piet Mondrian, foi exposto pela primeira vez, no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA). Agora, mais de 75 anos depois, a historiadora Susanne Meyer-Büser descobriu que a obra vem sendo exposta de cabeça para baixo desde o princípio.
Conhecido por criar telas com cores sólidas e linhas retas, Mondrian compôs “New York City I” em 1941, utilizando fitas adesivas vermelhas, amarelas, pretas e azuis. Formado pela sobreposição das faixas em uma tela branca, o quadro está exposto em Düsseldorf, na Alemanha, desde 1980.
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O problema é que, segundo a curadora e historiadora de arte Susanne Meyer-Büser, a obra está sendo exposta da maneira errada desde 1945. Em entrevista ao The Guardian, a pesquisadora, que estava preparando uma mostra sobre o vanguardista, afirmou que a tela está de cabeça para baixo.
O espessamento da grade deve estar no topo, como um céu escuro. Uma vez que apontei isso para outros curadores, percebemos que é algo muito óbvio. Eu tenho 100% de certeza que o quadro está de cabeça para baixo", afirmou Susanne.
A teoria de que as linhas mais concentradas deveriam estar na parte de cima do quadro é apoiada pelo fato de que outro quadro de Mondrian traz uma composição bastante parecida. Intitulada "New York City", a obra feita a óleo está exposta em Paris e conta com um maior número de faixas no topo da tela.
Além da pintura, uma foto publicada pela revista norte-americana Town and Country em junho de 1944 também traz uma pista importante sobre o quadro. Tirada no estúdio de Mondrian alguns dias depois de sua morte, a fotografia mostra o “New York City I” em um tripé, na posição que seria a correta.
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Por fim, segundo Meyer-Büser, Mondrian provavelmente começou a trabalhar na sobreposição das fitas de cima para baixo, iniciando a tela pela composição concentrada. Essa teoria justificaria o fato de que algumas das faixas amarelas são milímetros mais curtas que o necessário para chegar à borda.
Curiosamente, ainda de acordo com Susanne, não é possível definir por que a obra foi exposta de ponta-cabeça. Isso porque até mesmo o fato do quadro não contar com a assinatura de Mondrian dificulta o processo de definir sua orientação correta, uma vez que a assinatura indicaria sua rotação.
Foi um erro cometido quando alguém removeu o trabalho de sua caixa? Alguém foi desleixado enquanto o trabalho estava em trânsito? É impossível dizer”, afirmou a pesquisadora.
O maior dos problemas é que, mesmo que ela realmente esteja de cabeça para baixo, a obra provavelmente nunca será virada do lado certo. "As fitas adesivas já estão extremamente soltas. Se você virasse a pintura de cabeça para baixo agora, a gravidade as puxaria para outra direção", segundo explicou Susanne, e danificaria a obra. “Agora isso é parte da história do quadro", afirmou a curadora.