Scarlett Johansson reflete sobre papéis moldados pelo olhar masculino
Atriz diz que, no início da carreira, muitos papéis giravam em torno da própria ‘desejabilidade’ e das vontades masculinas. ‘Algo mudou’
Daniela Swidrak (@newtango)
Scarlett Johansson está olhando para trás e vendo o quanto o roteiro mudou. Em entrevista recente ao The Times, a atriz falou sobre como os papéis oferecidos a mulheres em Hollywood evoluíram desde que ela começou, ainda adolescente. E não foi uma lembrança particularmente doce.
“Quando era mais jovem, muitos dos papéis que eu recebia ou tentava conquistar tinham ambições ou arcos de personagem que giravam em torno da própria desejabilidade, do olhar masculino ou de histórias centradas nos homens”, disse ela. “Isso tem acontecido com menos frequência agora, algo mudou”.
A mudança, segundo Johansson, passa por uma nova geração de atrizes e personagens femininas mais complexas, além de uma indústria que começa (ainda que lentamente) a oferecer oportunidades mais diversas. “A mensagem é diferente. Existem muito mais modelos de referência, mulheres em posições de poder visíveis, e as oportunidades que tenho hoje são diferentes das que eu tinha antes”, explicou.
Essa não é a primeira vez que Scarlett comenta sobre os limites impostos por Hollywood. Em 2022, ela contou que foi “hipersexualizada” muito cedo e chegou a achar que não conseguiria sair da caixinha em que a colocaram. “Me senti objetificada e limitada. Chegou um ponto em que pensei: ‘As pessoas devem achar que tenho 40 anos’. E isso deixou de ser algo desejável, virou algo contra o qual eu precisava lutar”.
Essa consciência vinda de alguém que, durante anos, foi um dos maiores símbolos sexuais de Hollywood (muitas vezes à revelia do próprio desejo) escancara o quanto o cinema ainda precisa repensar quem está escrevendo essas histórias e para quem elas estão sendo escritas. O que Johansson viveu não é passado distante: é uma lembrança incômoda que segue pairando sobre a indústria, mesmo sob nova direção.
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