Sean Penn teme que Trump ‘possa tentar destruir o mundo’
Para o ator, o presidente Donald Trump poderia usar o poder como último recurso destrutivo ao perceber que não tem mais controle
Daniela Swidrak (@newtango)
Sean Penn afirmou que Donald Trump “pode tentar destruir o mundo” em uma espécie de ato final, caso tente se manter no poder além do permitido.
A declaração foi dada em entrevista ao podcast de Jim Acosta no Substack, onde o ator promovia seu novo filme Words of War. A conversa passou por temas como autoritarismo e o presidente de El Salvador, Nayib Bukele — autoproclamado “o ditador mais legal do mundo” — antes de se voltar para a figura de Trump e os riscos de um novo mandato.
“Precisamos considerar os piores cenários”, alertou Penn.
Trump pode tentar destruir o mundo antes de envelhecer e morrer”.
O ator comparou o comportamento do ex-presidente ao de um parceiro rejeitado:
É como aquele cônjuge que, ao ser deixado, mata a ex-companheira porque, se ele não pode tê-la, ninguém pode. Acho que Trump tem esse tipo de relação com o mundo — se ele perder o controle, pode preferir acabar com tudo”.
Sean Penn goes on tirade against Trump; compares him to a m**derer.
“I do think it’s a reasonable theory that Donald Trump is not unlike the spouse of someone who leaves him, perhaps for another, who then m**ders their former partner because if they can’t have her, nobody can.” pic.twitter.com/djimaHzVAv
— Oli London (@OliLondonTV) May 5, 2025
Tarifas e impacto cultural: prejuízos em cadeia
As falas de Penn acontecem em meio a um cenário de instabilidade no setor cultural dos EUA, amplificado pelas medidas econômicas da gestão Trump. Desde fevereiro, o ex-presidente vem anunciando uma série de tarifas sobre produtos e serviços importados, incluindo diretamente o cinema, a música e os meios de comunicação.
No último sábado (4), Trump declarou que irá autorizar tarifas de 100% sobre filmes produzidos fora dos Estados Unidos. Ainda não está claro se a medida afetará apenas produções estrangeiras ou também filmes norte-americanos com partes filmadas no exterior — prática comum em Hollywood.
O anúncio já gerou tensão na indústria audiovisual. Executivos de estúdios independentes alertam que o aumento nos custos de distribuição pode inviabilizar a chegada de filmes internacionais aos cinemas americanos, além de encarecer produções que dependem de locações globais. Para plataformas de streaming, que investem em produções internacionais, o impacto pode ser ainda mais profundo.
A música também sente os efeitos. Tarifas sobre equipamentos e instrumentos importados, como guitarras, sintetizadores e sistemas de som, afetaram diretamente lojistas e músicos. Especialistas apontam que a elevação dos custos pode tornar turnês mais caras, encarecendo ingressos e diminuindo o acesso a apresentações ao vivo.
Na indústria fonográfica, ações de grandes conglomerados ligados à radiodifusão e mídia digital também despencaram. A iHeartMedia teve queda de mais de 13% em suas ações, enquanto a Cumulus Media caiu mais de 10%. A SiriusXM também sofreu perdas.
Ataques à mídia pública
Além das tarifas, Trump assinou recentemente uma ordem executiva cortando o financiamento federal de veículos considerados “parciais”, como a NPR (National Public Radio) e a PBS (Public Broadcasting Service). A medida tem sido vista como uma tentativa de enfraquecer a mídia crítica ao presidente dos Estados Unidos, e ameaça o futuro de conteúdos educativos e culturais gratuitos, amplamente consumidos por comunidades menos favorecidas.
“Ele vai proteger a si mesmo antes de tudo”, alerta congressista
Durante o mesmo podcast, o deputado Eric Swalwell — que também atua como produtor executivo de Words of War — fez um alerta semelhante ao de Penn:
Se Trump sentir que não há ninguém para protegê-lo, fará o que for preciso contra o país para proteger a si mesmo”.
Swalwell destacou que conter esse tipo de ameaça depende da força das instituições democráticas:
Nossa única esperança é um Congresso vigilante, uma imprensa livre, um Judiciário independente e cidadãos dispostos a dizer ‘basta’”.
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