EXPLICAÇÃO

The Last of Us: Entenda tudo sobre o conflito entre WLF e Serafitas

O confronto entre fé radical e força armada em The Last of Us Part II levanta uma questão: é possível sobreviver sem repetir os erros do passado?

Giulia Cardoso (@agiuliacardoso)

The Last of Us: Tudo sobre o conflito entre a W.L.F e os Sarafitas
The Last of Us: Tudo sobre o conflito entre a W.L.F e os Sarafitas - Reprodução

No coração de The Last of Us Part II, há uma guerra que não é travada pelos infectados, mas por humanos que seguem ideologias opostas. De um lado, a força militar organizada da Washington Liberation Front (WLF). Do outro, a fé radical dos Serafitas, conhecidos como Cicatrizes (termo pejorativo). Essa batalha é mais do que uma disputa por território — é um embate entre ordem e crença, tecnologia e natureza, sobrevivência e espiritualidade. 

Dois mundos, uma cidade em ruínas

Seattle, anos após o colapso da civilização, tornou-se palco de uma guerra prolongada. Com a queda da FEDRA, WLF assumiu o controle da cidade e estabeleceu um regime militar. Já os Serafitas, rejeitando a tecnologia e buscando a “purificação” do mundo, estabeleceram-se  nas florestas e ilhas ao redor, formando uma comunidade que venera uma mulher conhecida apenas como A Profetisa.

As duas facções entraram em conflito conforme seus territórios se sobrepuseram — mas a guerra se intensificou não apenas por espaço, e sim por diferença de valores. Onde WLF impõe disciplina com armas e tanques, os Serafitas atacam com silêncio e lâminas afiadas.

A escalada da violência

No jogo, testemunhamos o conflito atingir seu ponto mais sangrento. Postos avançados destruídos, emboscadas cruéis, execuções breves. WLF, armado com rifles, veículos e cães farejadores, invade vilarejos Serafitas, destruindo tudo à sua passagem. Já os Serafitas, com táticas de guerrilha e arcos, emboscam patrulhas e deixam soldados mutilados como aviso.

Um evento-chave é a destruição da ilha dos Serafitas, numa missão liderada por Isaac Dixon, comandante do WLF. O ataque é um massacre, com civis e combatentes mortos indiscriminadamente. Por outro lado, a emboscada que resulta na morte de vários soldados do grupo paramilitar— muitos deles amigos próximos de Abby — mostra que o outro lado também não hesita em matar.

Ideologias em conflito: Fé x Controle

O que torna o embate entre Serafitas e WLF tão impactante não é apenas o sangue derramado, mas o que cada grupo representa.

  • WLF vê a ordem militar como única forma de manter a civilização viva. Eles acreditam no poder das armas, na disciplina e na dominação como caminhos para proteger sua comunidade.

  • Serafitas, em contraste, acreditam que a destruição do mundo foi causada pelos excessos da humanidade — pela ganância, pela tecnologia, pela arrogância. Acreditam que só abandonando tudo isso será possível encontrar redenção.

Lev e Abby: uma ponte entre os dois lados

No meio desse conflito estão Abby, uma soldada da WLF, e Lev, um jovem Serafita que desafia os dogmas do próprio povo. Quando Abby escolhe salvar ele e sua irmã Yara, ela rompe com o ciclo de ódio de ambos os lados — mesmo que isso a coloque contra seu próprio comandante.

A relação entre os dois é talvez o que mais humaniza o conflito. Lev é perseguido por ser transgênero, algo condenado pelos Serafitas como “heresias corporais”. Ao protegê-lo, Abby percebe que não há pureza em nenhum dos lados — só sobreviventes tentando encontrar algum sentido no caos.

A destruição como destino inevitável

Ao final do jogo, o que resta de Serafitas e WLF são escombros. A ilha dos Serafitas é destruída. Isaac é morto. A base da WLF entra em colapso. O que era para ser a luta por um novo mundo acaba virando um ciclo repetido de destruição — um eco do próprio colapso da humanidade.

Essa devastação final não traz vencedores, apenas perdas. Ellie, Abby e Lev sobrevivem, mas o mundo ao redor continua desmoronando.

A guerra entre Serafitas e WLF em The Last of Us Part II é um espelho da própria condição humana. Ela mostra como diferentes crenças, mesmo que motivadas por esperança, podem levar à violência extrema. Mostra como o medo de perder poder ou identidade pode justificar qualquer atrocidade.

No fim, a pergunta que fica não é “quem estava certo?”, mas “quantas pessoas ainda terão que morrer para que alguém tente algo diferente?”. A guerra, nesse universo, não é uma solução — é só o sintoma de um mundo que esqueceu o que é compaixão.

LEIA TAMBÉM: The Last of Us: Entenda a história da organização paramilitar WLF


Qual foi o melhor filme de 2025 até agora? Vote no seu favorito!

Ver resultados

Loading ... Loading ...

Jornalista em formação pela Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, Giulia Cardoso começou em 2020 como voluntária em portais de cinema. Já foi estagiária na Perifacon e agora trabalha no núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo.
TAGS: the last of us