The Rolling Stones
Álbuns dos anos 70 e 80 ressurgem em edições remasterizadas
Falar sobre os álbuns dos Rolling Stones dos anos 70 e início dos 80 é falar sobre velhos amigos: já festejamos, perseguimos garotas, rimos e choramos muitas vezes juntos. E continuamos unidos depois de três décadas. Esses amigos da pesada voltam agora em um pacote de CDs da Universal. Do lírico e maravilhoso Sticky Fingers (1971) ao selvagem e artificioso Undercover (1983), excluindo o Exile on Main Street (que será publicado mais tarde), os discos que marcaram o início da fase madura da maior banda de rock do mundo (sempre será, nem adianta contestar) são itens de discoteca básica. Os CDs lançados agora saíram no Brasil nos anos 80 pela Sony e em 1994 pela EMI. Vale a pena comprar todos outra vez? Visualmente, os CDs de 2009 não diferem em quase nada dos de 1994, o que é uma decepção. A ausência de faixas bônus é outra decepção: ficamos sem raridades gostosas dos Stones, como a versão do grupo para “Drift Away”, hit de Dobie Gray. Mas a maior de todas as frustrações é a ridícula censura ao verso “I bet you keep your pussy clean”, de “Star Star”, faixa do emaconhado e subvalorizado Goats Head Soup. Melhor ficar com o CD da EMI, que se dane a versão adulterada de Goats Head Soup de agora. O principal atrativo das novas bolachinhas prateadas dos Stones é o som. Remasterizados, os discos ganharam agudos mais definidos, graves mais profundos e uma maior clareza de detalhes. O maior beneficiário da remasterização é o It’s Only Rock ’N’ Roll (1974): o som deste álbum, outrora abafado e opaco, ganhou cor e vida. No reencontro com os amigos, rejeitei o Goats Head Soup, mas os outros caras são os irmãos de sempre. Com eles eu vou rir, chorar, cantar e dançar pelos próximos 30 anos ou mais, se o tempo for gentil comigo como foi com o Rolling Stones.
POR ZECA AZEVEDO