Nirvana
Bleach – Deluxe Edition
Sub Pop/Warner
Além da efeméride dos 20 anos de aniversário, o momento parece adequado para o relançamento do primeiro álbum do Nirvana: mesmo que pelos motivos errados, a imagem de Kurt Cobain se encontra mais em evidência do que provavelmente estaria se ele ainda fizesse das suas por aí. Hoje, o grande mérito de Bleach é trazer uma amostragem mais digna dos passos iniciais do ícone da década de 90 – principalmente para a geração mais jovem, cujo principal contato com a figura de Cobain foi por sua acidentada aparição no game Guitar Hero 5, em que é visto interpretando de Bon Jovi a Public Enemy. Mesmo após a remasterização (supervisionada pelo mesmo Jack Endino que o produziu em 1989), Bleach ainda expõe evidências de que foi gravado em três dias e pela tão alardeada bagatela de US$ 601,50. É um bom disco de estreia, mas que dificilmente seria considerado “clássico” sem a aclamação posterior de Nevermind (1991) e a ascensão sideral do Nirvana à categoria de salvadores do rock. Bons momentos são vários, e não se resumem apenas a “About a Girl”: “School”, ”Negative Creep” e “Blew”. Como bônus, o CD traz a íntegra de um show em Portland, de fevereiro de 1990, que retrata uma banda estranhamente dedicada, energética e profissional, destruição de instrumentos à parte. No repertório, além de faixas de Bleach, um punhado de obscuridades como “Sappy”, “Spank Thru” e “Molly’s Lips”, esta do Vaselines. No final das contas, aquele Kurt esquisito de Guitar Hero nem é uma imagem tão distorcida assim.
PABLO MIYAZAWA