Ozzy Osbourne
Scream
Sony Music
Décimo disco de inéditas do Príncipe das Trevas é previsível, mas agrada
Aperte o play e “let it Die” abre o CD. Harmoniosa, segue tão pesada quanto o metal mainstream se permite ser e, claro, explode no refrão. Apesar das semelhanças, não há aquele timbre da guitarra de Zakk Wylde. Mas o que importa está aqui: a voz lendária e uma guitarra virtuosa. Ora falando, ora berrando, ora melodioso e fantasmagórico, Ozzy está em excelente fase vocal (ou seriam as máquinas?), surfando sobre bases violentas do jovem e talentoso guitarrista Gus G. Desde No More Tears (1991) que um disco da lenda doheavy metal não pegava tanto na veia. Ozzy, hoje pop por excelência, é um clichê do rock: cabeludo (ainda), tatuado, foi da queda à ascensão, do álcool e cocaína à caretice bizarra, de Príncipe da Escuridão a celebridade recebida na Casa Branca. Ele busca novas e tenras almas, que gritarão quando canta “Let me hear you scream!”, no poderoso refrão da música que dá nome ao álbum. A fórmula do CD, também um clichê, com produção impecável e composiçõesmilimetricamente pensadas, é vitoriosa: tem o hino de apelo adolescente (“Scream”), a balada-peso (“Life Won’t Wait”), o agradecimento aos fãs (“I Love You All”), as críticas religiosas (“Crucify”), os grandes solos de guitarra (“Let It Die”). Ozzy – e Sharon também – sabe: para a maioria esmagadora, heavy metal é isso.
Ricardo Franca Cruz