Lucy and the Popsonics
Fred Astaire
Monstro Discos
Duo de electropop de acerta o passo ao tratar de referências modernas
“A cada dez segundos cai um single na internet/E a cada dois minutos sobe um novo podcast”, canta sem muita exatidão estatística Fernanda Popsonic em “Biff Bang Pop”. O verso resume bem o espírito de Fred Astaire, segundo álbum do duo brasiliense (que agora vira trio nas apresentações com a inclusão de Beto Cavani na bateria), um semi- panfleto contra a correria frenética da vida pós-moderna. “Fred Astaire”, a faixa-título, traça o cotidiano maçante de um trabalhador que só consegue dançar no embalo do famoso ator e dançarino quando dorme, enquanto “Multitarefa” e “A Síndrome das Pernas Inquietas” são gritos primais gerados pela ansiedade. Diante desse panorama, a versão desacelerada do clássico “Refuse/ Resist”, do Sepultura, não causa estranhamento e se acopla perfeitamente no electropop da banda, que, com a produção pontual de John Ulhoa (Pato Fu), soa neste álbum mais domado e esmerilhado – mas sem perder o vigor apresentado na estreia.
LEONARDO DIAS PEREIRA