PJ Harvey
Let England Shake
Universal/Island Records
Em disco difícil e pouco melodioso, cantora inglesa comenta os momentos bélicos de seu país
Em stories from the city, stories from the sea, lançado há pouco mais de dez anos, a cantora e compositora inglesa PJ Harvey mostrava ao longo do álbum seus vários pontos de vista sobre como era viver em Nova York. No geral, o retrato da metrópole era bastante otimista. Mas o mesmo olhar generoso não é concedido em Let England Shake, em que a cantora se preocupa em retratar (ou seria retaliar?) o envolvimento de seu país natal em várias guerras ao longo da história da humanidade – em “The Glorius Land” o famoso sopro militar de convocação “Reveille” ressoa constantemente ao fundo. Com o auxílio do parceiro de longa data John Parrish, PJ faz mais um exercício de repulsa e questionamento do que uma tentativa de compreensão, resultando em canções intensas que são difíceis de digerir, assim como as motivações que compelem uma nação a mergulhar na guerra. E as tonalidades de seu timbre de voz, muitas vezes beirando o agudo histérico, e a acentuação do sotaque britânico não facilitam a vida do ouvinte. As mais palatáveis são “In the Dark Places” e “Hanging in the Wire”, dois belos duetos da dupla Harvey/Parrish.
LEONARDO DIAS PEREIRA