Criolo

Redação

Publicado em 06/05/2011, às 11h14 - Atualizado às 11h21
Divulgação
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Criolo

Nó na Orelha

Oloko Records

Veterano do rap paulistano troca rimas por melodias

Este não é exatamente um cd de rap. Nas dez faixas de Nó na Orelha tem de tudo: samba, afrobeat, reggae, brega e, claro, hip-hop. Kleber Gomes, o Criolo, ex-Criolo Doido, é figura conhecida, criador da Batalha do Conhecimento (uma das rinhas de MCs mais tradicionais de São Paulo). Ele está na música há 23 anos, mas pela primeira vez aventurou-se fora das rimas concretas do rap. Com excelente produção de Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral, o álbum tem fôlego, se reinventa e se desconstrói a cada faixa. O abre-alas “Bogotá” é um afrobeat desconcertante com uma letra que fala sutilmente do tráfico e faz referência à “Vou-Me Embora pra Passárgada”, de Manuel Bandeira. “Não Existe Amor em SP” é impossível de ser degustada na primeira ouvida. Com uma base simples, guitarra e teclado bem sutis e um belo arranjo de violinos, ela fala de São Paulo com um olhar bastante sensível. As participações especiais são um capítulo à parte: Kiko Dinucci empresta seu violão e talento ao afrosamba contemporâneo “Mariô”, Rodrigo Campos toca cavaquinho e percussão na irônica “Linha de Frente” (que guarda o título do disco em um verso cantado com a malícia que o samba exige) e as cantoras Verônica Ferriani e Juçara Marçal fazem backing vocals potentes em duas canções. Para mostrar ainda mais uma faceta, o rapper canta “Freguês da Meia Noite” com muita devoção e mostra uma voz que o rap esconde. “Subirusdoistiozin”, lê-se “Subiram os dois tiozinhos”, “Grajauex”, que faz referência ao bairro de origem do cantor, “Sucrilhos” e “Lion Man” são as quatro representantes do hip-hop, com versos muito inteligentes, irônicos e bem-humorados.

PEDRO HENRIQUE ARAÚJO

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