Iggy Pop
Ícone punk novamente exercita seu lado de crooner e regrava vários standards
Henry Salvador, Frank Sinatra, Edith Piaf, Cole Porter. Não se trata de uma coletânea de seu avô, mas sim do novo disco do pai do punk rock, Iggy Pop. Sim, o crooner cadavérico assume sua veia romântica e sua vontade de ser um cantor de standards em seu mais recente disco, Après. Em Preliminaires, seu álbum anterior, Iggy já havia flertado com alguns clássicos do cancioneiro universal e até arriscou uma bossa nova ao fazer uma versão de “Insensatez”, mas aqui ele escancara de vez e vem com um disco que poderia colocá-lo em qualquer cassino de Las Vegas. Em versões corretas, mas que não chegam a surpreender, o cantor põe a sua voz rouca em músicas divididas entre clássicos norte-americanos e chanson française. Seus melhores momentos são com “What This Thing Called Love?”, de Cole Porter, e a cafajestagem com méritos de “La Javanaise”, de Serge Gainsbourg. Mas o disco também avança para momentos mais, digamos, modernos, como nas gravações de “Michelle” (Beatles), “Everybody’s Talkin”, (Harry Nilsson) e “I’m Going Away Smiling” (Yoko Ono). Iggy tem o bom senso de não tentar modernizar ou modificar muito os temas, e não cai na armadilha de colocar batidas eletrônicas datadas de fácil solução. Ele simplesmente se limita a dar uma interpretação calma a essas canções, utilizando instrumentações simples. Sinal de que o velho punk, finalmente, serenou.
Fonte: EMI