Arcade Fire
The Suburbs
Merge/Universal
Tomando o mainstream de assalto, grupo entrega um dos discos do ano
Não há atualmente banda de rock tão séria a figurar no mainstream como o Arcade Fire. O septeto não vence exatamente pelo carisma (nulo) de seus integrantes, muito menos por seus (inexistentes) hits ou pelos shows catárticos que realiza – as tais “missas indie”, para usar o jargão das plateias especializadas. Artistas focados que são, Win Butler e asseclas estão apenas interessados em mostrar serviço e propagar mensagens por meio da música: no irrepreensível The Suburbs, nenhum momento é desperdiçado com formulas repetidas ou clichês baratos. Ao mesmo tempo, é surpreendentemente a cessível, equilibrando o clima grandioso do rock de arena com o falso intimismo proporcionado por cordas, coros e pelos sussurros do casal Butler/Régine Chassagne. Ainda que assuste de cara, o álbum premia o ouvinte com uma magnífica e instigante experiência, perturbadora e relaxante, tudo a o mesmo tempo – como na imponente e classuda “The Suburbs”, na angústia quebrada de “Modern Man”, na ansiedade épica de “Empty Room”. A quase-punk “Ready to Start” parece definir a postura da banda para o mundo: o Arcade Fire já está pronto para administrar seu reinado no mundo pop – isso se a mensagem for devidamente espalhada.
PABLO MIYAZAWA