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ARTPOP

Lady Gaga

Caryn Ganz Publicado em 10/12/2013, às 06h53 - Atualizado às 06h56

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Lady Gaga
Lady Gaga

Em novo trabalho, cantora luta arduamente para se manter no topo e continuar reescrevendo a imagem

Lady Gaga alcança o ápice quando banca a rainha de neon dos desajustados do mundo. E, com as constantes armações da diva, os monstrinhos dela preencheram a maior tenda do pop moderno. Mas, nestes cinco anos desde que a antiga Stefani Germanotta aterrissou para causar confusão, a esquisitice se tornou combustível para a cultura pop. Basta ver o monte de tumblrs esdrúxulos que infestam a internet e o culto à série American Horror Story. Então, para Gaga permanecer em evidência neste final de 2013 (e também pelo restante de 2014), ela vai ter de se esforçar para se reinventar.

Pelo bem ou pelo mal, ARTPOP segue o protocolo. É um disco medianamente bizarro de pastiches de synthpop e disco music (com mais algumas incursões pelo R&B), que pretende unir os universos das galerias de arte e da rádio comercial. O problema do álbum é que valoriza conceito em detrimento de ganchos melódicos. É um disco sexual mas não é sexy, cheio de piadinhas, trocadilhos e intermináveis alusões ao mundo fashion. Em ARTPOP dá para encontrar frases como “Uranus/ Você não sabe que meu rabo é famoso” (“Venus”) e “Toque me, toque me, não seja doce/ Me ame, me ame, não retuíte” (“G.U.Y.”). Gaga quer nos fazer acreditar que o álbum foi inspirado por artistas como Marina Abramovic ´, Jeff Koons e Sandro Botticelli. Mas a impressão que dá é que RuPaul e Beavis e Butt-Head é quem foram os diretores artísticos de ARTPOP.

Gaga abre o trabalho a toda velocidade, lembrando o melhor de FutureSex/ LoveSounds, do rival Justin Timberlake. Ela jura desnudar tanto o corpo como suas intenções em “Venus”, examina sexo e poder em (“G.U.Y.”) e flerta com um amante bissexual em “Sexxx Dreams”.

Mas, no momento em que ARTPOP parece acertar o passo com groove com pop e R&B high-tech, o impulso murcha. Ela é mera coadjuvante para T.I., Too Short e Twista em “Jewels N’ Drugs”; em “MANiCURE”, Gaga cai na tentação de achar que os jogos de palavras da letra são meras demonstrações de fofice. A temperatura cai ainda mais com “Dope”, uma balada sem graça produzida por Rick Rubin, que fala de drogas e romance; ela mira em Elton John, mas acerta no Meat Loaf.

Ironicamente Lady Gaga se redime em criações que abandonam o artifício em favor do puro sentimento. Elas são “Do What U Want”, um dueto cheio de groove com R. Kelly, e “Gypsy”, em que ela admite que adora ser artista e gosta de levar a vida sempre em movimento. “Eu não quero ficar sozinha para sempre, mas adoro a vida cigana”, ela canta sem qualquer abandono. Estas faixas funcionam. Não nasceram da ideia de que arte e música pop precisam estabelecer um casamento arranjado.

Os álbuns anteriores de Gaga foram resultado da parceria dela com os produtores Red One e Fernando Garibay. Paul “DJ White Shadow” trabalhou na maior parte de ARTPOP, mas tem uma porção de nomes creditados no CD, como Zedd, Madeon, David Guetta, Infected Mushroom e Will.I.Am. Recentemente, a cantora dispensou o empresário, o estilista pessoal e o coreógrafo. Ainda cancelou uma outra turnê mundial para se recuperar de um problema no quadril. Seria ARTPOP uma distração para obscurecer algum drama por trás da cortina? O próximo projeto de Gaga é Cheek to Cheek, um álbum de jazz e standards com Tony Bennett, que deve sair em janeiro de 2014. Ou seja, aguarde pela frente mais uma transmutação radical de Gaga.

Fonte: Universal