Edu Lobo
Tantas Marés
Biscoito Fino
Depois de um longo hiato, compositor navega em ondas musicais do passado, mas não perde a verve melódica
Primeiro disco de edu lobo em 15 anos, Tantas marés surfa nas ondas de um tempo passado. Com uso eventual de cordas, o arranjador e produtor Cristóvão Bastos embala valsas, canções, frevo e choro dentro das tradições da MPB formatada na era dos festivais que projetaram o compositor. Em repertório com rala dosagem de inéditas (quatro das 12 faixas), o artista destila fina melancolia a reboque dos versos poéticos de Paulo César Pinheiro, parceiro das inéditas. O requinte harmônico é detectado nas quebradas sinuosas do baião “Dança do Corrupião”, no contorno quase erudito do acalanto “Primeira Cantiga” (com o canto terno e rigoroso de Mônica Salmaso) e no suingue inusitado de um frevo, “Angu de Caroço”, egresso de disco de 1980 intitulado Tempo Presente. Nessa maré nostálgica, quatro temas da obra feita com Chico Buarque ganham pela primeira vez a voz do parceiro que tem permanecido quase à sombra, às voltas com as trilhas existenciais de um tempo que não volta mais.
Mauro Ferreira