Bixiga 70

Bixiga70

JOSE FLÁVIO JÚNIOR

Publicado em 05/01/2012, às 10h21 - Atualizado às 15h06
Bixiga70
Bixiga70

Afrobeat e balanço em poderoso disco de estreia da big band paulistana

Resultado da junção do funk com o jazz e diversos ritmos africanos, o afrobeat havia aparecido discretamente em discos de Vanessa da Mata, Max de Castro e na estreia da banda paraibana Burro Morto. Mas o Brasil ainda não tinha um álbum como este primeiro do conjunto paulistano Bixiga70, que se apropria do som poderoso criado pelo nigeriano Fela Kuti (1938-1997) na virada dos anos 60 para os 70 sem se tornar refém dele. Inteiramente instrumental, o repertório é dominado pelas composições do tecladista e guitarrista Mauricio Fleury. Uma delas, “Luz Vermelha”, tem o mesmo nome da faixa que encerra o CD do Burro Morto. Mas a coincidência para aí. Os grooves do Bixiga (referência ao bairro que sedia o estúdio/bunker da banda) são reforçados por trompete, trombone e saxofones, tudo gravado sob a supervisão do norte-americano Victor Rice, que divide a produção do trabalho com Fleury, o baterista Décio 7 e o guitarrista Cris Scabello. Três dos sete temas também foram registrados em versões dub, vertente jamaicana que é a especialidade de Rice. Mas são os flertes com a música brasileira que deixam a receita irresistível. Isso é nítido em “Tema Di Malaika”, que integra a gafieira ao terreiro, e na releitura de “Desengano da Vista”, lançada por Pedro Santos no cultuadíssimo LP Krishnanda (1968).

Fonte: Independente

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