Cavalera Conspiracy
Blunt Force Trauma
Warner Music
Irmãos Cavalera se esforçam em segundo trabalho
Não é difícil imaginar o que esperar de um disco com músicas batizadas como “Warlord”, “Torture”, “Thrasher” e “I Speak Hate”, especialmente quando Max e Iggor Cavalera são os mentores por trás da obra. Os títulos sintetizam com clareza (ou ruído, como quiser) o espírito de Blunt Force Trauma, o segundo álbum do Cavalera Conspiracy. A alma do trabalho está no metalcore, na interpretação mais básica e pura do termo, e na fusão da urgência hardcore (a média de duração das músicas fica na casa dos três minutos) com o peso de mil bombas do metal. Contudo, o processo esquizofrênico do próprio metalcore enquanto estilo, englobando bandas cujo som é baseado em uma agressividade melódica às vezes inofensiva, dá pistas para compreender os defeitos do trabalho. Os vícios, assim como as virtudes, estão explícitos na faixa “Lynch Mob”: se por um lado o groove e a fúria dos irmãos Cavalera se fazem presentes, há detalhes que incomodam a longo prazo, como solos pouco inspirados e guitarras dobradas que não dizem muito – sem contar, no caso específico, a participação do chatíssimo Roger Miret, do Agnostic Front. Ao vivo, o disco promete funcionar – o que, enquanto um projeto sem compromisso, faz do Cavalera Conspiracy um nome poderoso. Enquanto banda, porém, ainda falta personalidade própria.
GUSTAVO SILVA