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Chavões do pop rock nacional marcam o segundo álbum de estúdio dos Titãs como quinteto

Redação Publicado em 08/06/2009, às 21h47 - Atualizado em 11/06/2009, às 15h50

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ILUSTRAÇÃO: GABRIEL FRAGA
ILUSTRAÇÃO: GABRIEL FRAGA

Titãs

Sacos Plásticos

Arsenal/Universal

Numa tarde de 1993, logo depois do lançamento de Titanomaquia, um amigo presente na gravação do álbum confidenciava: “Velhinho, vai demorar para eles lançarem outro disco”. Não era presságio de interrupção alguma. Com o então insider de estúdio, os Titãs fundaram o genial selo Banguela, e quase todos os integrantes titânicos inauguraram sua carreira paralela à banda. Três anos voaram até que Domingo, o álbum seguinte, fosse lançado, e mais dois até alcançarem seu maior sucesso, o multiplatinado Acústico MTV Titãs – uma espécie de bandeira no topo de uma carreira de 15 anos e pelo menos dois álbuns clássicos do rock brasileiro. Então seguiu-se a descida, mais longa para evitar tropeços. Hoje, após seis anos que se arrastaram desde Como Estão Vocês?, o atual quinteto lança Sacos Plásticos, 12º álbum de estúdio dos Titãs. Entre os dois discos, uma fraca coletânea comemorativa – Warner 30 Anos: Titãs – e dois registros de shows – MTV ao Vivo e Paralamas e Titãs Juntos e ao Vivo (a celebração das bodas de prata das duas bandas) – foram lançados. A lida musical seguiu em frente, mas duas coisas essenciais ficaram para trás: criatividade e vontade de arriscar. A produção do novo álbum ficou a cargo de Rick Bonadio e a preocupação descabida de alguns fãs era que os Titãs fossem transformados na primeira banda emo de meia-idade do rock nacional. O produtor ainda fez as vezes de músico de estúdio em quase 80% do álbum, mas sem prejuízo ao som da banda. Por vezes até tirando algumas faixas do lugar-comum com bons detalhes de programação. Embora batizado a partir de uma das novas músicas, Sacos Plásticos é também o título mais sintomático que o grupo poderia dar ao novo trabalho. Tal como os produtos mais suscetíveis de reciclagem, o álbum vem repleto de ideias reusadas, alternando o que parecem outtakes de trabalhos anteriores da banda com faixas de um pop rock genérico. A melífera “Porque Eu Sei que É Amor”, assim como “Deixa Eu Sangrar”, que conta com um naipe de cordas gravado em Nashville, nos EUA (não precisaria viajar tanto para conseguir isso), e “Antes de Você” fazem parte do segundo time, aparentemente criadas por encomenda para a fácil veiculação de rádio e televisão. A terceira, não por acaso, é tema de novela da Rede Globo. Tentar o sucesso não é defeito, mas desaponta quando se usa todos os chavões possíveis para chegar até ele. “Deixa Eu Entrar”, composta por Tony Bellotto, Sérgio Britto e Andreas Kisser, do Sepultura – antigo colaborador dos Titãs – é mais pesada, mas com hard rock tão previsível que acaba no mesmo saco das baladas. Quando os Titãs repetem suas próprias fórmulas, ainda que produzam nostalgia, o álbum fica mais moderno e agradável. “Amor por Dinheiro”, faixa que abre Sacos Plásticos, começa com programações eletrônicas ajudando a reciclar o típico som da banda. O mesmo acontece com a ótima faixa-título, que remete aos dois primeiros álbuns, e “A Estrada”, que viaja para a new wave do século passado. Porém, nem toda revisitação dá certo. “Múmias”, com Paulo Miklos cantando que “música pra alma já não faz mais falta”, é um exercício de ironia em meio a um ranço de timbres eletrônicos dos anos 80. A bateria de Charles Gavin não marca presença nessa faixa, tampouco em “Problema”, um funk composto pela parceria de Miklos, Arnaldo Antunes e Liminha (que chegou a produzir vários clássicos dos Titãs), a qual poderia muito bem fazer parte de Õ Blésq Blom (álbum que logo fará 20 anos de idade), não fosse a letra meio pueril. Das 14 faixas de Sacos Plásticos, destaca-se “Não Espere Perfeição” – a que mais carrega o gene musical dos Titãs – e talvez a melhor do disco a resumir o estado de espírito atual do quinteto. Em meio a um riff de guitarra simpático e econômico, Branco Mello avisa: “Não espere perfeição, não espere gratidão”. Para tentar se seduzir por um álbum irregular como esse, tem que começar por aí

José Júlio do Espirito Santo