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Colors

Beck

Will Hermes Publicado em 17/11/2017, às 17h45 - Atualizado às 17h51

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Colors - Reprodução
Colors - Reprodução

Nestes quase 25 anos de carreira de Beck Hansen, os melhores momentos dele juntam escavação musical pouco ortodoxa com uma certa autoindulgência. É o tipo de equilíbrio precário que às vezes pode resultar em uma paródia barata. Enquanto muitos artistas vem seguindo esse modelo (Father John Misty é o exemplo recente mais notável), poucos conseguem ter o mesmo alcance, humor e alma quanto Beck. Por isso Colors é tão bem vindo. Trata-se do disco mais divertido e essencial do músico desde os anos 1990.

Os primeiros sinais desse novo e triunfante projeto apareceram em 2015 com o single “Dreams”, trazendo uma guitarra rítmica funkeada e vocais em falsete. Era uma visita à disco music com toques de eletro pop da década de 1980 e floreios de rock de estádio dos anos 1970. Em meio a ganchos irresistíveis, nosso herói declara-se “um ano-luz além da realidade”, gritando a uma garota (provavelmente sua companheira, a atriz Marissa Ribisi) os motivos de ele estar assim tão eufórico. “Wow”, o single de 2016, o encontra ainda mais “alto”, com batidas de trap music envoltas por um caleidoscópio de melodias fáceis de assoviar.

Estas duas faixas são o ponto alto de Colors. Mas todas as outras canções também se mostram no mesmo nível. A faixa-título junta uma melodia tocada com ocarina com batidas de palma cibernéticas e vocais inspirados em “White Lines (Don’t Don’t Do It)”, de Melle Mel. Com seu piano de music hall, “Dear Life” faz acenos tanto aos Beatles quanto ao falecido virtuoso músico de indie-folk Elliott Smith. A canção é um lembrete do tipo de tradição de classic rock de onde Beck veio, assim como “I’m So Free”, cujos acordes rosnantes lembram descaradamente o Nirvana. “Fix Me” até parece balada do Coldplay. O refrão repete: “Eu quero você, eu quero você, eu quero você, eu quero você”. Cafona? Sem dúvida. Mas clichês existem por um bom motivo. Quando eles caem nas mãos certas, soam frescos.

O principal colaborador de Beck em Colors é Greg Kurstin e isso demonstra o respeito que o cantor impõe. Kurstin é o produtor e compositor responsável por criar “Hello”, de Adele, um dos maiores hits deste século. Ele e Beck têm história em comum: Kurstin foi tecladista da turnê de Sea Change (2002). Juntos, preenchem cada canção com ideias sonoras intrincadas, mesmo que no fundo busquem mesmo a simplicidade pop. É o que acontece em Colors.

Fonte: Universal