Apesar dos focos serem diferentes, Beyoncé e Rihanna falam um pouco de seus momentos pessoais
Beyoncé entrega um cd (também em dvd) trazendo a íntegra de uma apresentação ao vivo totalmente confessional, na qual a moça se propõe a ciceronear o público pelos caminhos que a levaram ao sucesso. Chega a parecer uma versão melhor e mais envernizada do terrível Unplugged 2.0, de Lauryn Hill, tamanha a preocupação de Beyoncé em conversar com a plateia e explicar as canções. Além de uma bela presença de palco, a ex-Destiny’s Child tem boa voz, sensualidade e inegáveis hits. Entre versões live de “Halo” ou de seu hit, “Single Ladies (Put a Ring on It)”, Beyoncé ganha crédito em sinceras covers para “I Wanna Be Where You Are” (famosa na voz de Michael Jackson quando integrava o Jackson 5) – que ela confessa ter sido a primeira canção que aprendeu –, “You Oughta Know” (a música antiex-namorado de Alanis Morissette) – encerrando um dos medleys – e a classuda “Sweet Love”, de Anita Baker. Simpática, boa cantora e carismática, Beyoncé está próxima demais do bom-mocismo e do politicamente correto. Rihanna é o oposto da moeda. O que sobra em enquadramento no duplo ao vivo de Beyoncé se transforma em desabafo e ousadia em Rated R. Longe do modelito saltitante mantido até seu terceiro disco, Good Girl Gone Bad, Rihanna adentra o lado escuro logo no primeiro single do novo trabalho: “Russian Roulette”, com letra depressiva falando de morte e perda. Muitos vão lembrar do episódio em que a cantora foi agredida pelo cantor Chris Brown, seu companheiro até então. Rihanna não economiza raiva e desejo de vingança em “G4L” e disseca o relacionamento turbulento com Brown em “Fire Bomb”, despejando toda a frustração, agora travestida em pura e simples vontade de revidar na mesma moeda. Rated R também é mais arrojado musicalmente, deixando poucos espaços para músicas mais alegres, como “Rude Boy”, ou para um raríssimo momento de vulnerabilidade em “Photographs”. Rated R é um trabalho difícil e ousado.
POR CARLOS EDUARDO LIMA