Há vários pontos de conexão entre o De la Tierra e o Killer Be Killed. Dentre eles, o fato de serem supergrupos de metal capitaneados por gente que fez história dentro do Sepultura. O De la Tierra traz o guitarrista Andreas Kisser ao lado de grandes figuras do cenário latino, como Sr. Flavio (baixista do grupo argentino Los Fabulosos Cadillacs), Alex González (baterista do Maná) e Andrés Giménez (vocalista e guitarrista do finado grupo portenho A.N.I.M.A.L.). O rótulo “metal latino”, usado pelo próprio grupo para definir-se, ainda que aplicado para justificar a língua (as músicas estão em espanhol, com inserções em português em poucos momentos), é meramente geográfico: a força do som está nos riffs das guitarras gordurosas de Kisser e Giménez, com groove e suingue monolítico similar ao das próprias bandas das quais saíram, e refrãos de quilate quase pop – “Somos Uno” e “Detonar” deságuam em melodias para cantar junto. Essa também é uma das intenções veladas do Killer Be Killed, mesmo que por caminhos ligeiramente distintos. O projeto, que reúne Max Cavalera, Greg Puciato (The Dillinger Escape Plan), David Elitch (ex-The Mars Volta) e Troy Sanders (Mastodon), é calcado na variação mais moderna do thrash metal, tanto em termos de estilo como de produção e sonoridade, com o background de cada um dos integrantes diluído ao longo do trabalho. Estão lá a agressividade singular do Soulfly de Cavalera, a esquizofrenia (controlada) quase hardcore de Puciato e a veia melódica/experimental de Sanders e de Elitch. O caminho escolhido pelos norte-americanos do Killer (com Cavalera, um americano continental) é o da velocidade, enquanto os latinos do De la Tierra primam pela cadência. Ainda que seja tentador comparar os dois supergrupos, principalmente por causa de Kisser e Cavalera em lados opostos, é justo dizer que são duas faces de moedas diferentes – ambas valiosas.
Fonte: Warner