Van Halen
Veteranos retornam com disco que faz justiça à grandeza do passado
Fãs de Van Halen se dividem em dois times específicos: os partidários do estilo exuberante e desavergonhado de David Lee Roth; e os adeptos da bandeira “amor e emoção” de Sammy Hagar (existe quem prefira a fase com Gary Cherone nos vocais? Duvido). Dito isso, atente-se ao fato de que, apesar de A Different Kind of Truth ser o primeiro álbum do Van Halen desde 1998 (e o primeiro com Roth nos vocais desde 1984), ele soa como um produto dos anos 70. Seria porque mais da metade das faixas são recriações de ideias antigas? Se bem que isso não deveria ser problema, se partirmos da hipótese de que aquele primeiro Van Halen era o que prestava de verdade. Há quem reclame da cafonice de “Tattoo”, o primeiro single, mas essa é daquelas bobagens que não fazem mal a ninguém. O que vem a seguir, felizmente, é menos questionável. A Different Kind of Truth é um disco de rock bem resolvido, musculoso, barulhento, um daqueles raros em que (quase) tudo dá certo. Fingindo que é tudo fácil, Eddie Van Halen nos relembra a cada dois minutos o porquê de ser considerado o guitarrista mais influente dos últimos 35 anos. Roth, liderando com carisma inabalável, adaptou com dignidade seu estilo à atual condição de senhor de 57 anos. Com a dupla de frente tão entrosada, o Van Halen se diverte ao ressuscitar os clichês que posicionaram a banda no Olimpo roqueiro em velhos tempos: hinos de arena (“Blood and Fire”, “She’s the Woman”), velocidade e fúria incontidas (“Bullethead”, “As Is”), puro exibicionismo técnico (“China Town”), suingue e safadeza (“Stay Frosty”, sequência de “Ice Cream Man”, do primeiro Van Halen). E antes de reclamar da injusta exclusão do baixista Michael Anthony, vale a pena aumentar os graves e ficar atento às linhas pirotécnicas do nada intimidado Wolfgang Van Halen, 20 anos. Se fosse lançado nos anos 80, este seria o disco para conduzir a carreira do Van Halen a uma rota mais interessante – mas havia teclados inconvenientes, conflitos de ego e a carreira solo de Roth no caminho. Talvez ainda haja tempo de fazer as coisas diferentes.
Fonte: Universal